quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A minha vida...

Por vezes paro imóvel, por entre a eterna loucura, tentando equilibrar-me no chão onde me transporto. São meros instantes de lucidez, que brotam tímidos por entre as frinchas do meu ego, e me tocam o corpo com movimentos voláteis, de sabor a mel. Só eu estou presente, e tudo à minha volta flutua seguindo o seu trajecto habitual, sem querer imaginar a magia deste lugar, que me abriga e alimenta. É aqui que me procuro, onde a razão é uma mera desilusão e a contagem da vida volta sempre a um princípio. São momentos de coragem, clareza e visão, onde batalhas se travam sem qualquer violência... Provas de amor e total encantamento, onde as armas são feitas de ar e o pensamento, guiado pela moral, conquista louvores por tão memorável desempenho. Quero criar raízes e ficar por aqui, escondido... Mas não posso! Transporto-me de volta, tentando manter-me fiel ao que aprendi, seguro e capaz de me afirmar pelo que sou e não pelo que fazem de mim. Apenas eu, posso mudar a minha vida...
"Cada homem tinha apenas uma vocação genuína: descobrir o caminho que o levava a si próprio (...). A sua missão era descobrir o seu próprio destino - não um destino arbitrário - e vivê-lo em pleno, resolutamente dentro de si. O resto não passava de uma existência possível, uma tentativa de evasão, uma fuga em direcção aos ideais das massas, conformidade e medo da sua própria essência individual."
Demian, de Hermann Hesse

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Palavras


Tantas opiniões, ideias e decisões, vertentes elaboradas por mentes crentes no caminho que percorremos. Tanta conversa sem qualquer conteúdo, palavras ausentes sem sentido nenhum.
De tudo falamos e com grandes certezas, sem nunca precisar de justificar a total abstracção da valiosa condição de ser criança audaz, com vontade de lutar, assim como de possuir o dom de observar e só depois pronunciar, a linguagem dos Homens. Rajadas de vento perdidas no tempo, soprando de dor e gritando pela nossa atenção, para o porquê de tanta tormenta. Somos egos inchados criados por conceitos escuros, poemas de uma guerra violenta e sem escrúpulos, discípulos da terra e de desertos sem fim. Devemos parar e olhar à volta, por cima do ombro, e tentar relembrar as verdades ausentes que deixá-mos para atrás, perdidas nos becos do mundo. Fazê-las nossas parceiras, ouvir-lhes a voz, perceber-lhes as grandezas e depois sonhar com as milhares de possibilidades de voltar a caminhar para trás, de volta aqui.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Conhecimento de causa

O peso que carrego sempre encontrou no meu precisar, uma simples razão para pesar... É fácil sê-lo assim, incisivo, gravítico, persistente na sua componente de agrura. Transporto-o por não o saber presente, suporto-o por me sentir ausente da clareza embrionária de quem sofre por querer. Porque continua ele aqui, pergunto com insistência? Não é já tempo de escapar, ganhar asas e voar, planar, gritar, viver... Viagens prometidas, sonhadas e queridas, augúrio da subida, pela escarpa dessa vida em sentido ao céu azul. Por momentos deixa de ser presente, julgo que o conheço e tento distingui-lo. Deixou de ser uma mera ausência de grandeza e pura desilusão, é ele que me carrega pelos trilhos empedrados e me desperta para a beleza do turbilhão. Já não quero fugir... somente aqui, debaixo da carga sofrida, encontro a historia contida de um ser em evolução!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Continuação

Apesar de ter passado algum tempo sem escrever neste espaço, não significa que tenha desistido do meu intuito de melhorar e crescer enquanto ser humano, de modo que possa ir ao encontro de mim e dar um exemplo de vida às pessoas que acharem interessante considerarem-me assim. Continuo ciente que o processo é longo e demorado, mas só assim poderá criar raízes e crescer de forma sustentável no meu coração. É uma aprendizagem baseada na experiência de vida e no que realmente somos enquanto seres materiais e espirituais, pois apenas a coligação é verdadeira. A questão é que, o facto de sermos criados num mundo onde apenas o que conseguimos distinguir através dos nossos sentidos é verdadeiro, acabamos por descurar o espírito na sua essência e a sua educação através do pensamento e actos diários. É essa interiorização e valorização constantes, que nos permite abordar a nossa natureza de aprendizes, e assim entender que tudo passa por uma evolução constante, baseada nos valores mais puros e mais simples que existem na nossa essência. É preciso coragem na mudança e por favor entendam os momentos difíceis, como oportunidades de crescimento e entendimento do caminho a seguir...

Tempo

Quando se diz que o tempo corre ligeiro, abordamos uma questão deveras pertinente. Não tanto pela interpretação e compreensão desse conceito abstracto, que nos serve de linha mestra durante as nossas vidas, mas sim pela maneira como nós nos aprisionamos a essas directrizes e empreendemos sem tréguas, a batalha de nos preenchermos ao máximo com as mais diversas coisas, que não passam de uma mão-cheia de nadas, nunca sobrando espaço para aquilo que de mais simples e preenchedor a vida tem para nos dar. Ainda mais estranho é o facto, de acharmos que essas decisões não são nossas e nos considerar-mos perseguidos e desrespeitados pela sociedade e o mundo em geral. Regras e leis que nos obrigam a seguirmos assim.
Obviamente e infelizmente que também me incluo neste protótipo de ser humano, apesar de me aperceber que estou deveras a tomar decisões erradas e de a cada instante lutar para poder mudar essa situação. Todos os caminhos que seguimos são uma consequência directa das nossas vontades e apenas nós poderemos mudar isso, tentando ao máximo evitar desculpas e razões para não mudarmos nada.