domingo, 10 de maio de 2009

"Mas que na vossa união haja espaços.
E deixai, entre vós, dançar os ventos do céus.
Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor uma prisão:
Que seja antes um mar em movimento entre as margens da vossa alma."

Em O Profeta de Kahlil Gibran

Saudade

Ouvi por aí, que a saudade era o único sentimento verdadeiro.
A minha primeira reacção foi achar essa ideia inteiramente absurda, num contexto global de análise. Mas a verdade é que primeiramente devemos pesquisar ao nível do plano onde ela existe. Porque só aí ela poderá fazer sentido! Só aí poderá ser entendida!
O contexto em que se enquadra, permite que mediante um determinado entendimento da verdade da mesma, cheguemos a um estado de contemplação, que poderemos chamar essência. E essa não cria laços ou relações, pois ela é total... ao contrário da forma, que de uma maneira quase imperceptível, cria ligações a todos os níveis: emocional, psicológico, sexual, intelectual... e espalha a ideia da dualidade, das diferenças, cabendo à maioria de nós, o papel de meros peões, no jogo dos opostos! Eu aqui, Tu aí... Nós, Vós... Certo, Errado... Bonito, Feio...
E dessa crescente separação, criam-se laços para tentar unir a irrealidade, na tentativa de retornar a casa.
É nesse berço que nasce a saudade!
A sua importância vem do facto de ela própria se auto renovar, reforçando o elo que a desencadeia, através de uma dependêcia ilusória, como se fosse parte de nós.

Mas já agora, saudade de quê?

A vida renova-se a cada segundo, evocando o nascimento a cada passo dado.
Só aqui podemos estar presentes, encarando o êxtase de consecutivas oportunidades para crescermos. E é aí que nos devemos empenhar, é aí que existem todas as hipóteses... naquele preciso momento... onde toda a nossa atenção deve estar! Onde não existe saudade...