domingo, 30 de agosto de 2009

Cenário - Portal de Luz


Agora que olho para trás, tentando vislumbrar uma centelha de lucidez que me permite perceber este espaço, vejo a eternidade da sua existência.
Existindo no ventre da aldeia do Burgau (Barlavento Algarvio), o mar tocou-lhe na alma e com ele se fez lugar. O seu irmão mar que nunca o abandonou, trazendo-lhe sempre a esperança, durante as épocas de grandes mudanças. Com ele partilhou o sustento das famílias, a dor, a esperança, a entrega e solidão. Beberam da Luz do Sol e com eles cantou músicas de devoção.
Sempre aqui esteve, aguardando... Aprendeu-o com a areia, que pacientemente espera o beijo do seu amado... Sem pressas, ansiedades, apenas aguardando... Mudou tantas vezes de cara, mas nunca de coração! Sempre esperou por mim, como parte integrante do meu ser. Agora vejo-o claramente... Sempre me acompanhou, viu-me crescer, fugir-lhe e sempre retornar... Ele sabia-o... Mas aguardava...
Que benção esta de poder estar aqui, agora, e perceber tudo isto... Somos um, e vibramos em sintonia... cada vez mais alto... Já não quero deixá-lo e se o fizer, a sua essência vai comigo, pois essa sempre foi parte de mim... Juntos voamos em direcção à Eternidade, ao Amor... Juntos existimos... e essa existência cura-me, para poder curar os outros, o planeta... pois com eles somos a Verdade e sem eles a vaidade... Venham beber desta fonte, que existe em vós... nesta porta que se abre para abraçar a integração de todos os planos e dimensões, todos os Seres e devoções. Venham tocar a Grandeza que é total e sintam-se amados... Amem, libertem essa energia que transmuta a escuridão e nos dá a elevação. Só assim podemos existir... Venham alimentar esta rede que acorda, venham ser parte de um desígnio Total!
Até breve.

Agradeço à linda Sundari, por me ajudar nesta percepção e por fazer parte desta união. Também aqui é a tua casa...

sábado, 22 de agosto de 2009

A Sala da Aprendizagem (Parábola)

Era uma vez um Ser Humano a quem chamaremos Wo. O seu género não é importante para a história, mas,
dado que vocês não dispõem de uma palavra adequada para designar uma pessoa do género neutro, vamos
chamar-lhe Wo Humano, para poder referenciar, igualmente, todos os homens e todas as mulheres. Não obstante,
e simplesmente por motivos de tradução, diremos que Wo é um «ele».
Como todos os Humanos da sua cultura, Wo vivia numa casa, mas não conseguia preocupar-se com outra
coisa senão com a casa em que vivia, pois era exclusivamente sua. Era uma casa muito bonita, e ele fazia
questão de a manter assim.
Wo levava uma vida excelente. Na cultura onde vivia, nunca havia escassez de comida, pois reinava a
abundância. Também nunca tinha frio, pois estava sempre protegido. À medida que foi crescendo, aprendeu
muitas coisas sobre ele mesmo. Aprendeu acerca daquilo que o fazia feliz, e encontrou objectos que podia
pendurar na parede e admirar para se sentir feliz. Também aprendeu a conhecer as coisas que o entristeciam,
as quais pendurava na parede, quando desejava sentir-se triste. Conheceu, ainda, tudo o que o irritava,
e descobriu o que podia contemplar, sempre que pretendia irritar-se.
Tal como acontecia com os outros Humanos, Wo tinha imensos medos. Ainda que dispusesse dos elementos
básicos à vida, receava os outros Seres Humanos e certas situações. Tinha medo daquelas pessoas e situações
que pudessem gerar transformações na sua vida. Sentia-se seguro com a sua existência tal como estava, porque
tinha trabalhado duramente nesse sentido. Portanto, tinha medo das situações que, aparentemente,
pudessem afectar a sua estabilidade, e receava quem controlava essas situações.
De outros Humanos, aprendeu coisas sobre Deus. Disseram-lhe que um Ser Humano era uma coisa muito
pequena. E Wo acreditou que era assim. Por fim, olhando à sua volta, verificou que havia milhões de Seres
Humanos, enquanto que, Deus, só havia um. Disseram-lhe que Deus era tudo e ele não era nada; mas esse
Deus, no seu Amor infinito, responderia às suas orações, desde que rezasse com intensidade e fosse íntegro,
ao longo da sua vida.
Muito bem.
Então, Wo, que era uma pessoa espiritual, rezou a Deus para que pessoas e as situações de que tinha
medo não provocassem mudanças, para que a sua casa pudesse permanecer tal como estava, sem qualquer
alteração. E Deus respondeu ao seu pedido!
Wo temia o passado, porque, de algum modo, lhe recordava coisas desagradáveis. Assim, rezou a pedir
que Deus bloqueasse essas coisas na sua memória. E Deus respondeu ao seu pedido!
Wo também temia o futuro, pois continha o potencial para a mudança, algo que era obscuro, incerto e
não lhe podia ser revelado. Assim, rezou a pedir a Deus que o futuro não desencadeasse nenhuma mudança
na sua casa. E Deus respondeu ao seu pedido!
Wo nunca se aventurava em espaços muito longe da sua casa, pois tudo o que precisava, como Ser Humano,
encontrava-se na sua sala. Quando os seus amigos vinham visitá-lo, essa era a única dependência que lhes
mostrava, e sentia-se satisfeito com isso.
Wo apercebeu-se, pela primeira vez, que havia movimento numa outra zona da sua casa quando tinha
aproximadamente 26 anos. Apanhou um valente susto e pediu imediatamente a Deus para que aquilo desaparecesse,
pois aquela presença dizia-lhe que não estava sozinho em casa... o que era uma situação inaceitável.
Deus respondeu ao seu pedido, o movimento parou... e Wo não voltou a ter medo daquilo.
Quando tinha 34 anos, aquele movimento regressou, e Wo novamente rezou a pedir que a coisa parasse,
pois fazia-lhe muito medo. O movimento parou mas não antes de se aperceber que algo lhe tinha passado
completamente despercebido: A sua sala, tinha outra porta! E, sobre ela, descobriu uma estranha inscrição.
Wo começou logo a ter medo do que isso poderia implicar.
Wo questionou os líderes religiosos acerca dessa estranha porta e do movimento que o perturbava, e eles
advertiram-no para não se aproximar dela. Segundo lhe disseram, aquela porta conduzia à morte, pelo que
decerto morreria se a sua curiosidade se transformasse em acção. E acrescentaram que a inscrição era maligna
e que não deveria voltar a olhar para ela. Em vez disso, incentivaram-no a participar num ritual, conduzido
por eles, e garantiram-lhe que passaria a sentir-se bem se lhes entregasse o seu talento e as suas economias.
Quando Wo tinha 42 anos, o tal movimento voltou a manifestar-se. Ainda que, desta vez não tenha sentido
tanto medo, pediu a Deus que aquilo parasse... e assim aconteceu. Deus era bom para com ele ao responder
de uma forma tão rápida e eficiente.
Wo sentiu-se confiante com os resultados das suas orações.
Quando fez 50 anos, adoeceu e morreu... ainda que, quando tal ocorreu, não se tenha apercebido que desencarnara.
Então, novamente se deu conta do tal movimento, e novamente rezou para que parasse. Mas, em vez disso, o movimento tornou-se mais claro... e aproximou-se ainda mais. Aterrorizado, Wo levantou-se da
cama... e descobriu que o seu corpo terreno permanecia deitado, e que, agora, estava na forma de espírito.
À medida que o tal movimento se ia aproximando ainda mais dele, Wo começou a reconhecê-lo. E, em vez de
se sentir assustado, sentiu curiosidade. O corpo do seu espírito também lhe pareceu natural.
Wo apercebeu-se, então, que o movimento era produzido pelas entidades que se tinham aproximado dele.
Ao chegarem perto, as suas figuras brancas brilhavam como se tivessem luz própria, que emanava do seu
interior. Finalmente, pararam junto de Wo, que ficou assombrado ante a sua imponência. Mas não sentia
medo.
Uma das entidades falou e disse-lhe: «Vem, querido, é tempo de partir».
A sua voz estava cheia de suavidade e de familiaridade. E, sem a menor hesitação Wo partiu, acompanhado
por aquelas figuras.
Começava a recordar como tudo aquilo lhe era familiar. E, ao olhar para trás, viu o seu cadáver aparentemente
a dormir, sobre a cama. Achou-se cheio de um sentimento extraordinário, que não podia explicar.
Uma das entidades tomou-lhe a mão e conduziu-o directamente para a porta com a estranha inscrição. A
porta abriu-se e os três passaram por ela.
Wo, encontrou-se num largo corredor, com portas que davam para salas, situadas de ambos os lados. Wo
pensou para si mesmo: «Esta casa é muito maior do que tinha imaginado». E reparou na primeira porta, que
continha uma inscrição estranha.
Então, perguntou a uma das entidades brancas: «O que há por detrás dessa porta, situada à direita?».
Sem dizer uma só palavra, a figura branca abriu essa porta e convidou-o a entrar.
Wo entrou, e sentiu-se surpreendido, pois, desde o chão até ao tecto, estavam amontoadas muito mais riquezas
do que aquelas que ele alguma vez poderia ter imaginado, nas suas fantasias mais descabeladas. Havia
barras de ouro, pérolas e diamantes. Num canto, havia tantos rubis e pedras preciosas que davam para
encher todo um reino.
Olhando para os seus companheiros brancos e luminosos, perguntou: «O que é este lugar?»
A figura branca, mais alta, respondeu: «Esta é a tua sala da abundância, se tivesses desejado entrar nela.
Pertence-te, inclusivamente agora, e permanecerá aqui, para ti, no futuro».
Wo ficou estarrecido perante esta informação.
Ao regressar ao corredor, Wo perguntou o que havia na primeira sala da esquerda, que estava fechada por
outra porta com inscrições estranhas, as quais, de alguma forma, começavam a fazer sentido para ele.
Quando a figura branca abriu a porta, disse: «Esta é a tua sala de paz, se tivesses desejado utilizá-la». Wo
entrou, com os seus amigos, e logo se viu envolvido por uma espessa névoa branca, uma névoa que parecia
estar viva, pois imediatamente lhe envolveu o corpo. Inalou-a para o seu interior e sentiu-se tomado por forte
sensação de bem-estar, e soube que nunca mais voltaria a ter medo. E sentiu uma paz como nunca tinha
experimentado.
Bem gostaria de ter ficado ali. Mas os seus companheiros indicaram-lhe que tinha que continuar, pelo que
regressaram ao longo corredor.
Mas havia outra sala à esquerda. «O que há nesta sala?»; perguntou Wo.
«É um lugar onde só tu podes entrar», respondeu a figura branca, mais pequena.
Então, Wo entrou e encontrou-se imediatamente cheio de luz dourada. Sim, ele sabia do que se tratava.
Era a sua própria essência, a sua Iluminação, o seu conhecimento do passado e do futuro.
Aquele espaço era o armazém de Espirito e de Amor de Wo!
Chorou de alegria e permaneceu ali, absorvendo a verdade e a compreensão, durante um prolongado período
de tempo. Os seus companheiros, que não tinham entrado naquela sala, foram pacientes.
Finalmente, quando voltou ao corredor, verificou que tinha mudado. Olhou para os seus companheiros e
reconheceu-os. «Vocês são os guias», afirmou, com naturalidade.
«Não. Somos os teus guias», disse o mais alto dos dois. «Temos estado aqui desde o teu nascimento, somente
por uma razão: para te amar e para te ajudar a veres a outra porta da tua sala. Tiveste medo, pediste
que nos retirássemos, e nós assim fizemos. Estamos ao teu serviço em Amor e louvamos a tua encarnação de
expressão.»
Wo não reconheceu nenhuma repreensão naquelas palavras, e deu-se conta de que eles não estavam a
julgá-lo, mas a louvá-lo. E sentiu o seu Amor.
Wo olhou para as portas que havia naquele corredor e conseguiu ler o que estava escrito. Enquanto foi andando
encontrou portas dizendo «Contrato de cura», e outra que dizia «Alegria». Viu muito mais do que poderia
ter desejado, pois ao longo do corredor havia imensas portas com nomes de crianças não nascidas e,
inclusivamente, uma delas tinha escrito «Líder mundial».
Wo começou a dar-se conta de tudo o que tinha perdido. Então, como se os guias tivessem lido o seu pensamento,
disseram: «Não reproves nada ao teu espírito, pois tal atitude é imprópria e não serve à tua magnificência.
»
Sem compreender estas palavras, olhou para trás, ao longo do corredor, até ao ponto por onde tinha entrado,
e viu a inscrição na porta, aquela inscrição que, originalmente, tanto o havia assustado. Essa inscrição
correspondia a um nome – o seu próprio nome! – o seu verdadeiro nome.31
Agora, sim, compreendia tudo, totalmente.
Lembrou-se do protocolo daquele lugar, pois agora – que já não era Wo - era capaz de se recordar. Assim,
despediu-se dos seus guias e agradeceu-lhes a sua fidelidade. Permaneceu durante muito tempo contemplando-
os e amando-os. E, logo se voltou para caminhar em direcção à luz, no final do corredor.
Sim, já tinha estado aqui. Sabia o que o esperava na sua breve visita, de três dias, à Gruta da Criação,
para recolher a sua própria essência, e logo passar ao Salão de honra e da Celebração, onde era esperado por
todos aqueles que o amavam ternamente, inclusive aqueles que tinha amado e perdido, enquanto estivera na
Terra.
Sabia onde tinha estado e para onde, agora, se dirigia.
Estava de Regresso a Casa.

Pedra

De tempos a tempos, ondas de energia percorrem-me a vastidão do ser, como me relembrando que a divindade nunca dorme.
Viajo por todo o Cosmos e para além dele.
Perco-me por entre as estrelas e infindáveis constelações, alimentando o fluxo de ser eterno.
Sou manifestação e nela retorno ao útero materno.
Respiro a Luz e nela me banho incessantemente, bebendo da Fonte Divina, o elixir da Eternidade.
Sou aprendiz por escolha própria, sou a semente do poder inerte em mim.
Os contornos da forma dão-me a ferramenta do meu acordar.
Sinto as pernas mortas, no alcançar do mar da Alma.
Ouço o vibrar dos tambores, celebrando o fogo da existência, a vastidão da verdade.
Ainda tropeço, mas não desisto de voar no céu azul.
Sinto a brisa que se eleva tenaz acima da sombra das árvores.
Já não sou a pedra...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

nossa verdade - Eshiarian

União

Têm sido tempos de tomada de consciência, um acordar lânguido e abençoado por novas vibrações energéticas, que de uma maneira graciosa e subtil, começaram a acariciar a vida neste meu cantinho... A libertação é uma presença e com ela, uma leveza concreta que se aproxima de mim. É a aurora da existência e de toda a sua magnifica totalidade, o poder de ser presente e nunca ausente daquilo que é verdadeiro. Uso o corpo no jogo da vida, como um dado rolando no tabuleiro das probabilidades. Aprendo a expressar aquilo que me preenche, através de um fluxo inteligível de pura energia de amor.
Eu sou essa energia, que se introduz no mundo tridimensional, e com isso elevar o padrão energético que somos, para que possamos entender, recordar...
Sinto o chamamento para reunir os seres de luz, colocá-los em contacto, ligá-los, fortalecer a ligação... para que possamos trabalhar em conjunto, sem fronteiras, sem medos, sem vergonha...
Assim, invoco a luz, o amor, para que me ajude a servir de elo de ligação entre esses seres, trabalhadores incógnitos, que percebem a beleza de todas as desigualdades, e com ela se levantem em auxilio de uma humanidade que se criou a ela própria dessa forma, no único regresso possível ao entendimento total. Pelo elevar da vibração energética... Pelo amor...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

dar

Quando tocamos a essência e o elixir da existência começa a brotar, e já não podemos manter fechadas as comportas do nosso coração, ou entregamo-nos nas mãos da compaixão e damos asas ao verdadeiro altruísmo, ou simplesmente morremos sufocados pela incapacidade de simplesmente dar... A verdadeira vida só pode existir, se o único movimento for de dentro para fora, como um portal cujo o único sentido é o de saída... Não tem lógica que seja doutra maneira, pois o que temos para entregar a Deus, que não seja já parte dele? O que traz a dualidade de novo à eternidade? Nada, porque a primeira é já parte da segunda... O verdadeiro movimento também não vem acrescentar nada à vida, apenas vem libertá-la, dar-lhe uma segunda asa para voar, trazer o calor da primavera que derrete as neves do inverno, as primeiras chuvas de outono, que abatem o pó e alimentam as suas sementes... Uma dádiva do todo, para o todo...
E como pode esta dádiva ser percebida, no mundo dos sonhos? Não sei, apenas sei que tenho de deixar fluir... Por vezes a dor do ego faz-se presente, mas apenas a observo... Cresço com ela... Nada mais posso fazer... Apenas posso expressar a liberdade do silêncio...

Gota de água

Faltam-me as palavras, para expressar a pureza e magnitude do poder que existe em mim, pronto para ser expressado. Não são momentos soltos e abstractos, pelo que sinto a total impossibilidade em prender a essência dos mesmos, prolongando-se e tocando toda a vida, sem qualquer tipo de exclusão. Olho-me nos olhos, e vejo a existência deleitando-se nas águas do mar eterno. Quero mergulhar no seu vazio e ser devorado pela fonte que me alimenta. Não sou mais que uma gota de água, que no salpico matinal observa a sua própria vastidão. Celebro o êxtase da experiência em toda a sua magnitude, aceitando-a como uma dádiva de crescimento. No retorno ao berço materno, entrego-me com abertura e gratidão, pela oportunidade de me poder amar e vivenciar, não como uma separação, mas como a totalidade.
Esse amor é inato, e mostra-se como o florescimento espiritual da matéria, quando se abre uma brecha na dureza da mesma, e deixe transparecer a verdadeira essência da existência. Deixar esse amor inundar a nossa vida, criando uma ligação directa à fonte da vastidão. Deixar que essa água milagrosa amoleça a pedra e a transforme em barro, pronto a ser moldado pelas mãos da consciência. E que esse espaço seja cada vez maior, mais amplo, para que abrace tudo à nossa volta, e que lentamente vá mudando a consciência mundial e universal.