sexta-feira, 30 de abril de 2010

flor


Uma flor...
Que posso dizer acerca de uma flor?
Posso descrever-lhe a forma, a cor, o cheiro, o tamanho, para além de uma infinidade de características que me permito observar, sejam elas mais generalistas ou pormenorizadas. Poderia perder-me em adjectivos característicos de uma imagem por mim criada, interligando-a com o cenário presente e a sua neblina envolvente. Poderia referir as suas necessidades e funções, utilizando para isso os olhos de biólogo, dissecando-a célula a célula, num interminável alarido experiencial. Talvez escrevesse um livro, dois ou até mesmo três, talvez a espelhasse em mil poemas e lhe dedicasse canções sem fim, celebrando o pranto de emoções que jorrassem de dentro de mim. Poderia até a transformar numa borboleta de mil cores, que sem interesse voaria com asas de alegria... Mas onde tudo acabaria? Ou começaria? Haveria um fim anunciado, ou seria a eternidade a medida exacta à sua contemplação? Não será a flor a própria existência, onde a ausência de forma é a única característica inata? Como poderei descrever algo que não tem limite definido, sem principio nem fim? Talvez, apenas o silêncio consiga captar a verdadeira natureza da flor, unindo-nos ao vazio que nos traz aqui...

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