sábado, 19 de dezembro de 2009

Relações

Na intercomunicação das diferentes realidades criadas por cada um de nós, existe um enorme potencial de aprendizagem e conseguinte transmutação das vibrações mais densas, que nos mantêm presos a esta realidade conjunta que co-criamos e a que chamamos terceira dimensão. As relações são uma das pegadas das trocas energéticas, existentes a um nível mais profundo do nosso Ser, onde as emoções representam a estrutura física que liga dimensões paralelas e permite que a troca aconteça, podendo-se dizer que elas são a própria relação. Sem a existência destas "pontes" energéticas, a conexão nunca existiria. No que refere à forma da relação, esta está directamente conectada com o grau vibracional das emoções, pois são elas que permitem que energias de "tipo" idêntico possam atravessar a ligação. Ou seja, o tipo ou o grau vibracional característico de cada relacionamento, é directamente responsável pela aprendizagem experiênciada pelo mesmo.
O relacionamento é uma constante no nosso dia-a-dia, não só através de outros seres humanos, mas também animais, plantas, elementos naturais e artificias, paradigmas, ideias, pensamentos,... e por aí fora, As emoções são como uma malha que interliga tudo o existe na nossa realidade, e por conseguinte tudo o que apresenta um determinado tipo de limitação aparente. Pode-se dizer que estas energias são responsáveis pela criação desta experiência conjunta em terras de Gaia e não só...
São também responsáveis pela percepção do veículo a que chamamos corpo, e é através dele que a experiência física é possível.
A esta malha damos o nome de mente, e é a responsável por esta grande lição chamada existência...
Quando já não houver nada para aprender, podemos voltar para casa...
Até lá!

O proposito do DNA

http://www.bibliotecapleyades.net/ciencia/ciencia_genoma17.htm

The Elegant Universe

http://www.pbs.org/wgbh/nova/elegant/program.html

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Som da Totalidade

O som da Totalidade é o "bypass" da limitação, a Linguagem Primordial da Inteligência Divina, que nos entrega a liberdade para gerar a nossa beleza mais profunda, através da expressão da Verdade mais alta.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Magia

Aqui sentado junto ao mar, a magia é minha companheira,
e com ela faço jogos de sedução.
Sinto a sua farpa que traz pendurada,
aí colocada por percas sem fim.
Não existe tristeza ou qualquer tipo de dor,
apenas certezas de um amor sem fim.
É a minha amante no tempo perdido,
e com ela esvazio o que sofro por mim.
Sou o que sou e não sou o que quero,
viajo sozinho nesse sonho perdido.
Ela é parte de mim,
eu sou parte de ti,
fugidos do Amor,
que nos trás todos aqui.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Tempo

Tempo...
Sou o tempo que cria, a viagem da vida.
Avanço por imposição, mas quase sempre recuo.
Sou o tempo que dança,... mas nunca se cansa,
Sou os momento guardados, separados de mim,
As lembranças perdidas algures por aí.
Sou o tempo que urge, o que sobra e o que falta,
Aquele que tenho e o que não tenho.
Sou a ponte estendida na bruma de ti,
A chegada à margem que espera por mim.
Também sou o invulgar, mas quase sempre banal,
Aquele que canta e chora sem fim.
Eu não sou assim!!
Pareço constante, mas sou variável,
Pareço que grito, mas sempre sussurro.
Sou o tempo que sou, e que depende de mim,
Sou o tempo corrido, perdido de si!

Tudo bem!

Quem és?
Corres para onde?
Sabes o quê?
Quanto mais queremos ser, menos o somos.
Quanto mais pensamos que sabemos quem somos, mais perdidos nos encontramos.
Tudo o que aprendo sobre aquilo que sou, apenas me ensina aquilo que não sou.
Para quem pensa que a acumulação de informação, é sinónimo de conhecimento e inteligência, de que forma a usam para serem mais vocês?
É directamente proporcional a uma maior consciência?
Ou pelo contrário?
Tu és a informação?
Ou a informação és tu, à procura do que és, aonde não és?
Não que este assunto seja demasiado importante (aliás como todos os assuntos!), pois a meta é exactamente a mesma (e qualquer que seja a forma, a chegada nunca será vivida), mas pode servir como um meio de transformar um pouco a caminhada...
Vai tão monótona...
Corro, corro, corro... para a frente, para trás, cima, baixo, direita, esquerda...
E vou para onde??
Bom, com tanta correria, vou concerteza para algum lado... nem que seja para lado algum. Mas para aí, também podia ir sem correr... aproveitava melhor a paisagem! Assim, quando não lá chegasse, iria estar tão satisfeito com a beleza do caminho e todas as suas descobertas, que não importaria ter que continuar...
Mas o mais importante é: o que quer que seja está bem!
Leve mais ou menos tempo, com mais ou menos esforço, mais ou menos correria...
Estarei lá à nossa espera!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

SER e FAZER

Nós somos o SER e o FAZER! Representam o espírito e a matéria, expressando-se nesta dimensão. Devido ao facto da total desconexão daquilo que somos, dificilmente conseguimos sentir esta verdade, assumindo que uma é consequência da outra (dualidade). É a forma própria do tipo de pensamentos lógicos da nossa realidade. A única questão é que o fazemos, na única maneira que nos mantém longe do reconhecimento da existência das duas simultaneamente... O FAZER para SER! SOU o Pedro, porque me FIZERAM (resultado do FIZ de outros Seres), SOU pai porque FIZ um filho, SOU engenheiro porque FIZ o licenciamento na universidade, SOU amigo porque FIZ amizades, SOU triste, porque FIZ essa emoção (baseado no nosso "historial")... E assim por diante...
Claro que percebemos que deste modo criamos a personalidade e respectivo Ego. Tornamo-nos um resultado do que FAZEMOS e respectivas desmultiplicações. Somos o cão correndo atrás da cauda... Incessantemente!!
Ao contrário, se invertermos o sentido e FORMOS primeiro, tudo o que fizermos será consequência disso, assim como teremos total percepção da integração dos dois lados da moeda. Ao SERMOS, somos a consciência (eu não a posso fazer, apenas aperceber-me da sua existência), integrando-a naquilo que FAZEMOS. Agora já não existe separação. Agora tudo está certo, de acordo com AQUELE QUE É!
O SER é igual ao FAZER, havendo apenas esta dualidade, em terras da Mãe Gaia. SEJAMOS para que FASSAMOS de forma elevada.

domingo, 4 de outubro de 2009

Cenário - Portal de Luz

E mais um passo de dança, neste bailado que é a vida...
Aqueles sentimentos mais dourados, emergem agora do seu sono prolongado, para se estenderem destemidos, à procura de elevação.

Somos completos, porque vos temos a vocês...

http://cenarioportaldeluz.wordpress.com/

Sejam bem vindos!

Em Amor

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Modo de estar na vida...

Fala-se muito hoje em dia sobre espiritualidade, na forma como através deste processo de auto-conhecimento, percebemos e nos libertamos de todos os tormentos da vida... Como através deste regresso, aprendemos a desligar o interruptor que nos mantém ligados ao correr da vida e todos as suas contingências... E nós como realmente já estamos fartos de sofrer (designação para a experiência, que trás uma expressão dramática e intensa à rotina, e da qual retiramos sempre um ensinamento), até percebemos que se calhar vale a pena olhar para esta expressão de nós mesmos, e tentar encontrar algum alívio na mesma. Até porque começa a ser moda, realizar determinados rituais em grupo ou individualmente, que de espiritual só têm o nome... E porquê?? Pela simples razão de apelarem à descontínuidade do Todo, e apenas servirem como desculpa, para "verdadeiramente" estarmos a tentar fazer algo para mudar a rotina amarga a que chamamos vida, pois seria demasiado descabido que, após nos apercebermos que realmente isto não é o que queremos para nós, continuarmos viciados nesse jogo. Mas a verdade é que inconscientemente é exactamente isso que fazemos... Continuamos lá fora, no meio de um complexo e mais refinado jogo de ilusão, que nos mantém afastados do único lugar onde existe a verdadeira Paz. Dessas formas de expressão, só serão positivas aquelas que nos retiram obstáculos até ao vislumbre da entrada, mas nunca podendo obrigarnos a dar qualquer passo em frente, e muito menos inventar entradas ilusórias que apenas nos levam de volta à realidade pré-existente (apesar de uma forma disfarçada), substituindo as crenças que nos servem de base, por outras igualmente ilusórias... Voltamos ao tal movimento circular que caracteriza a nossa experiência neste planeta...
Fica sempre a nosso cargo a abertura daquela única porta que existe no nosso coração... Aí temos definitivamente de abraçar corajosamente o mergulho até ao nosso âmago, para que em total individualidade e silêncio, encontremos a unidade do Amor Incondicional... Nunca podemos parar antes, pois nada terá sido alcançado, a não ser desculpas de mau pagador e algumas histórias de café!!
No momento em que nos tocamos a nós próprios, não existe maneira de continuarmos a ser os mesmos actores desta peça teatral, pois a claridade e compreensão absolutas da Verdade Existencial, não o permite de outra forma, sendo totalmente descabido voltarmo-nos a afastar do único modo de estar na vida que é o AMOR INCONDICIONAL...
Não existe mais nada para além DELE, e apenas ELE pode transformar a nossa vida de maneira absoluta e verdadeira... NÃO EXISTE OUTRA FORMA!!!!!! Tudo se dissolve... É altura de nos deixarmos de desvios e atirar-nos para o abismo da Existência... Pela Iluminação...

Com AMOR

domingo, 20 de setembro de 2009

Ao meu filho...

Quero mais uma vez expressar de forma totalmente amorosa, o facto de ter co-criado na minha vida, o nascimento de um Ser, que por motivos de definição estrutural das relações sociais, designo de filho e que atribuí o nome de José Maria. Faz parte do meu contracto e escolho para mim o papel de progenitor, que aprende diariamente com a relação que brota dessa existência, e que sabe, numa base diária, desempenhar esse papel da forma mais correcta, para que essa experiênciação seja o mais livre possível para ambos. Somos seres distintos, e é nesse preceito existencial que se reúnem as condições requeridas para o desenvolvimento da nossas essências espirituais, assim como uma experiênciação da vida livre de preconceitos e regras pré-definidas, que apenas existem na forma de limitação da aprendizagem própria de cada ser.
Obrigado por seres parte do meu crescimento e elevação.
Amo-te de forma Incondicional, e assim te liberto de mim...

Luz

"Meus queridos, vocês utilizam a palavra “luz” para significar muitas coisas e, no entanto, todas
elas estão relacionadas com a verdade absoluta.
Vejamos o tema desde o interior para o exterior;
Eu procedo do Grande Sol Central, a força do amor criativo que representa a luz. Tudo o que está
contido no Universo é representado pela luz emanada por esta fonte. É a verdadeira semente em
cada um de vós, e que está na origem da vossa sensação de se sentirem “em Casa”. É a fonte da
vossa alegria e o recurso para o alívio perante o medo, durante os momentos de prova. Tem substância
e pode ser medida. É a parte de vós que está permanentemente ligada à grande fonte de
amor central de todo o plano da criação.
A luz irradia para vós através do vosso Sol.
Talvez pensem que isto não tem grande importância espiritual, mas basta que vos recorde que o
vosso Sol é o motor do sistema da Rede Magnética do planeta, e que eu estou aqui para ajustar esse
sistema, em resposta à vossa natureza espiritual. Por conseguinte, até a luz que procede do Sol
está em concordância e devem honrá-la espiritualmente, quando definem “luz” genericamente.
A luz é a fonte de toda a vida e criação no Universo. É física e espiritual simultâneamente, pois
representa o atributo básico do amor. Não é casualidade que seja a luz que vos permite ver, pois os
princípios são ciência e os atributos são Espírito.
A luz permite-vos a iluminação e o conhecimento de serem um ser espiritual que se desloca pelo
planeta revestido de biologia, firmemente ligado à luz da Grande Fonte Central. Metaforicamente,
é a libertação da obscuridade - que é o medo, em si mesma.
Um Humano iluminado é, portanto, um Trabalhador da Luz, e representa a consciência da intensificação
da vibração planetária... que deve ser o objectivo de todos os Humanos iluminados.
A luz está presente na vossa biologia, até no nível mais ínfimo, e é o motor do vosso próprio rejuvenescimento.
Se viajassem pelas zonas mais pequenas e obscuras do vosso funcionamento celular
interior, veriam a luz que emana de algumas das partes que ainda não foram descobertas! A luz,
portanto, não só é responsável pela criação da vossa vida, mas também pela sua sustentação.
Finalmente, a luz assume-se como o círculo completo, pois representa a chispa existente dentro
de vós, que fazem parte do Todo. A totalidade da criação é feita de luz, desde o maior ao mais
pequeno. A parte que cada um traz consigo, como uma entidade de amor da Grande Fonte Criativa,
é uma luz tão poderosa que poderia brilhar mais do que toda uma galáxia de sóis. Todavia, é algo
tão delicado que uma célula individual pode servir-se dela para se rejuvenescer.
Você é uma peça da cadeia de luz que é o próprio Universo, uma peça que representa o funcionamento
de uma fonte de amor tão grande que o surpreenderia e o deixaria espantado com o seu
alcance. Assim sendo, você, realmente, faz parte de Deus!"

Kryon, canalizado por Lee Carroll, em o Livro 3 "Alquimia do Espírito Humano (Um guia para a transição humana para a Nova Era)"

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Libertação

Sempre me senti preso por uma indumentaria material que transportamos nesta nossa experiência por terras de Gaia. Prendia-me os movimentos, vergava-me as costas, mantinha-me bem rente ao solo, e com isso a vontade de cortar amarras sempre foi uma constante, num objectivo de criar asas e voar. Mas à medida que a consciência se começou a elevar, a vibrar mais rapidamente, entendi que essa contingência não é um atributo existencial da matéria. É apenas quando nós próprios nos propomos a que assim seja, em nome de uma experiência vivencial, própria deste planeta de terceira dimensão. Nós o impomos a nós próprios e apenas nós nos podemos desapegar dessa condição. Não cortando partes dessa vestimenta em troco de uma leveza ilusória, mas sim transmutar essas parcelas, elevando a sua vibração e usando depois esse crescimento para nos catapultar-mos até ao Amor incondicional, pois quanto mais fundo mergulhar-mos na densidade, mais longe atingiremos o outro oposto. Devemos observar a densidade, e através dos pensamentos e imaginação, apelar-mos ao alquimista que somos, transformando o ferro em ouro... A consciência é fundamental nesse processo, pois a partir dela apenas vemos a Luz... pois essa é a tendência natural da Existência.
Que assim seja para todos nós...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Lindo, lindo, lindo, lindo...
Simplesmente não tenho palavras para descrever a gratidão que sinto a mim próprio por, como parte do todo, me ter permitido a estar na cerimónia deste fim-de-semana passado...
As amarras dissolvem-se e simplesmente temos acesso à pureza da nossa essência, à mais alta vibração, e com ela dançamos eternamente. Podemos ter asas e voar, ou então curar-nos das nossas feridas mais profundas, mergulharmos no fundo e iluminar a densidade que se acumulou.
O Amor é tudo isso, e nós somos parte dele.
Com ele somos unos.
Todas aquelas armaduras que transportamos no nosso dia a dia, agora são feitas de Luz, e com elas a consciência flui... Já não somos matéria, essa apenas se eleva, para permitir a entrada do espírito, e com ele sermos a simples Verdade.

Obrigado a todo(a)s que estiveram presentes, e fizeram desta experiência, um tocar da Eternidade.

domingo, 30 de agosto de 2009

Cenário - Portal de Luz


Agora que olho para trás, tentando vislumbrar uma centelha de lucidez que me permite perceber este espaço, vejo a eternidade da sua existência.
Existindo no ventre da aldeia do Burgau (Barlavento Algarvio), o mar tocou-lhe na alma e com ele se fez lugar. O seu irmão mar que nunca o abandonou, trazendo-lhe sempre a esperança, durante as épocas de grandes mudanças. Com ele partilhou o sustento das famílias, a dor, a esperança, a entrega e solidão. Beberam da Luz do Sol e com eles cantou músicas de devoção.
Sempre aqui esteve, aguardando... Aprendeu-o com a areia, que pacientemente espera o beijo do seu amado... Sem pressas, ansiedades, apenas aguardando... Mudou tantas vezes de cara, mas nunca de coração! Sempre esperou por mim, como parte integrante do meu ser. Agora vejo-o claramente... Sempre me acompanhou, viu-me crescer, fugir-lhe e sempre retornar... Ele sabia-o... Mas aguardava...
Que benção esta de poder estar aqui, agora, e perceber tudo isto... Somos um, e vibramos em sintonia... cada vez mais alto... Já não quero deixá-lo e se o fizer, a sua essência vai comigo, pois essa sempre foi parte de mim... Juntos voamos em direcção à Eternidade, ao Amor... Juntos existimos... e essa existência cura-me, para poder curar os outros, o planeta... pois com eles somos a Verdade e sem eles a vaidade... Venham beber desta fonte, que existe em vós... nesta porta que se abre para abraçar a integração de todos os planos e dimensões, todos os Seres e devoções. Venham tocar a Grandeza que é total e sintam-se amados... Amem, libertem essa energia que transmuta a escuridão e nos dá a elevação. Só assim podemos existir... Venham alimentar esta rede que acorda, venham ser parte de um desígnio Total!
Até breve.

Agradeço à linda Sundari, por me ajudar nesta percepção e por fazer parte desta união. Também aqui é a tua casa...

sábado, 22 de agosto de 2009

A Sala da Aprendizagem (Parábola)

Era uma vez um Ser Humano a quem chamaremos Wo. O seu género não é importante para a história, mas,
dado que vocês não dispõem de uma palavra adequada para designar uma pessoa do género neutro, vamos
chamar-lhe Wo Humano, para poder referenciar, igualmente, todos os homens e todas as mulheres. Não obstante,
e simplesmente por motivos de tradução, diremos que Wo é um «ele».
Como todos os Humanos da sua cultura, Wo vivia numa casa, mas não conseguia preocupar-se com outra
coisa senão com a casa em que vivia, pois era exclusivamente sua. Era uma casa muito bonita, e ele fazia
questão de a manter assim.
Wo levava uma vida excelente. Na cultura onde vivia, nunca havia escassez de comida, pois reinava a
abundância. Também nunca tinha frio, pois estava sempre protegido. À medida que foi crescendo, aprendeu
muitas coisas sobre ele mesmo. Aprendeu acerca daquilo que o fazia feliz, e encontrou objectos que podia
pendurar na parede e admirar para se sentir feliz. Também aprendeu a conhecer as coisas que o entristeciam,
as quais pendurava na parede, quando desejava sentir-se triste. Conheceu, ainda, tudo o que o irritava,
e descobriu o que podia contemplar, sempre que pretendia irritar-se.
Tal como acontecia com os outros Humanos, Wo tinha imensos medos. Ainda que dispusesse dos elementos
básicos à vida, receava os outros Seres Humanos e certas situações. Tinha medo daquelas pessoas e situações
que pudessem gerar transformações na sua vida. Sentia-se seguro com a sua existência tal como estava, porque
tinha trabalhado duramente nesse sentido. Portanto, tinha medo das situações que, aparentemente,
pudessem afectar a sua estabilidade, e receava quem controlava essas situações.
De outros Humanos, aprendeu coisas sobre Deus. Disseram-lhe que um Ser Humano era uma coisa muito
pequena. E Wo acreditou que era assim. Por fim, olhando à sua volta, verificou que havia milhões de Seres
Humanos, enquanto que, Deus, só havia um. Disseram-lhe que Deus era tudo e ele não era nada; mas esse
Deus, no seu Amor infinito, responderia às suas orações, desde que rezasse com intensidade e fosse íntegro,
ao longo da sua vida.
Muito bem.
Então, Wo, que era uma pessoa espiritual, rezou a Deus para que pessoas e as situações de que tinha
medo não provocassem mudanças, para que a sua casa pudesse permanecer tal como estava, sem qualquer
alteração. E Deus respondeu ao seu pedido!
Wo temia o passado, porque, de algum modo, lhe recordava coisas desagradáveis. Assim, rezou a pedir
que Deus bloqueasse essas coisas na sua memória. E Deus respondeu ao seu pedido!
Wo também temia o futuro, pois continha o potencial para a mudança, algo que era obscuro, incerto e
não lhe podia ser revelado. Assim, rezou a pedir a Deus que o futuro não desencadeasse nenhuma mudança
na sua casa. E Deus respondeu ao seu pedido!
Wo nunca se aventurava em espaços muito longe da sua casa, pois tudo o que precisava, como Ser Humano,
encontrava-se na sua sala. Quando os seus amigos vinham visitá-lo, essa era a única dependência que lhes
mostrava, e sentia-se satisfeito com isso.
Wo apercebeu-se, pela primeira vez, que havia movimento numa outra zona da sua casa quando tinha
aproximadamente 26 anos. Apanhou um valente susto e pediu imediatamente a Deus para que aquilo desaparecesse,
pois aquela presença dizia-lhe que não estava sozinho em casa... o que era uma situação inaceitável.
Deus respondeu ao seu pedido, o movimento parou... e Wo não voltou a ter medo daquilo.
Quando tinha 34 anos, aquele movimento regressou, e Wo novamente rezou a pedir que a coisa parasse,
pois fazia-lhe muito medo. O movimento parou mas não antes de se aperceber que algo lhe tinha passado
completamente despercebido: A sua sala, tinha outra porta! E, sobre ela, descobriu uma estranha inscrição.
Wo começou logo a ter medo do que isso poderia implicar.
Wo questionou os líderes religiosos acerca dessa estranha porta e do movimento que o perturbava, e eles
advertiram-no para não se aproximar dela. Segundo lhe disseram, aquela porta conduzia à morte, pelo que
decerto morreria se a sua curiosidade se transformasse em acção. E acrescentaram que a inscrição era maligna
e que não deveria voltar a olhar para ela. Em vez disso, incentivaram-no a participar num ritual, conduzido
por eles, e garantiram-lhe que passaria a sentir-se bem se lhes entregasse o seu talento e as suas economias.
Quando Wo tinha 42 anos, o tal movimento voltou a manifestar-se. Ainda que, desta vez não tenha sentido
tanto medo, pediu a Deus que aquilo parasse... e assim aconteceu. Deus era bom para com ele ao responder
de uma forma tão rápida e eficiente.
Wo sentiu-se confiante com os resultados das suas orações.
Quando fez 50 anos, adoeceu e morreu... ainda que, quando tal ocorreu, não se tenha apercebido que desencarnara.
Então, novamente se deu conta do tal movimento, e novamente rezou para que parasse. Mas, em vez disso, o movimento tornou-se mais claro... e aproximou-se ainda mais. Aterrorizado, Wo levantou-se da
cama... e descobriu que o seu corpo terreno permanecia deitado, e que, agora, estava na forma de espírito.
À medida que o tal movimento se ia aproximando ainda mais dele, Wo começou a reconhecê-lo. E, em vez de
se sentir assustado, sentiu curiosidade. O corpo do seu espírito também lhe pareceu natural.
Wo apercebeu-se, então, que o movimento era produzido pelas entidades que se tinham aproximado dele.
Ao chegarem perto, as suas figuras brancas brilhavam como se tivessem luz própria, que emanava do seu
interior. Finalmente, pararam junto de Wo, que ficou assombrado ante a sua imponência. Mas não sentia
medo.
Uma das entidades falou e disse-lhe: «Vem, querido, é tempo de partir».
A sua voz estava cheia de suavidade e de familiaridade. E, sem a menor hesitação Wo partiu, acompanhado
por aquelas figuras.
Começava a recordar como tudo aquilo lhe era familiar. E, ao olhar para trás, viu o seu cadáver aparentemente
a dormir, sobre a cama. Achou-se cheio de um sentimento extraordinário, que não podia explicar.
Uma das entidades tomou-lhe a mão e conduziu-o directamente para a porta com a estranha inscrição. A
porta abriu-se e os três passaram por ela.
Wo, encontrou-se num largo corredor, com portas que davam para salas, situadas de ambos os lados. Wo
pensou para si mesmo: «Esta casa é muito maior do que tinha imaginado». E reparou na primeira porta, que
continha uma inscrição estranha.
Então, perguntou a uma das entidades brancas: «O que há por detrás dessa porta, situada à direita?».
Sem dizer uma só palavra, a figura branca abriu essa porta e convidou-o a entrar.
Wo entrou, e sentiu-se surpreendido, pois, desde o chão até ao tecto, estavam amontoadas muito mais riquezas
do que aquelas que ele alguma vez poderia ter imaginado, nas suas fantasias mais descabeladas. Havia
barras de ouro, pérolas e diamantes. Num canto, havia tantos rubis e pedras preciosas que davam para
encher todo um reino.
Olhando para os seus companheiros brancos e luminosos, perguntou: «O que é este lugar?»
A figura branca, mais alta, respondeu: «Esta é a tua sala da abundância, se tivesses desejado entrar nela.
Pertence-te, inclusivamente agora, e permanecerá aqui, para ti, no futuro».
Wo ficou estarrecido perante esta informação.
Ao regressar ao corredor, Wo perguntou o que havia na primeira sala da esquerda, que estava fechada por
outra porta com inscrições estranhas, as quais, de alguma forma, começavam a fazer sentido para ele.
Quando a figura branca abriu a porta, disse: «Esta é a tua sala de paz, se tivesses desejado utilizá-la». Wo
entrou, com os seus amigos, e logo se viu envolvido por uma espessa névoa branca, uma névoa que parecia
estar viva, pois imediatamente lhe envolveu o corpo. Inalou-a para o seu interior e sentiu-se tomado por forte
sensação de bem-estar, e soube que nunca mais voltaria a ter medo. E sentiu uma paz como nunca tinha
experimentado.
Bem gostaria de ter ficado ali. Mas os seus companheiros indicaram-lhe que tinha que continuar, pelo que
regressaram ao longo corredor.
Mas havia outra sala à esquerda. «O que há nesta sala?»; perguntou Wo.
«É um lugar onde só tu podes entrar», respondeu a figura branca, mais pequena.
Então, Wo entrou e encontrou-se imediatamente cheio de luz dourada. Sim, ele sabia do que se tratava.
Era a sua própria essência, a sua Iluminação, o seu conhecimento do passado e do futuro.
Aquele espaço era o armazém de Espirito e de Amor de Wo!
Chorou de alegria e permaneceu ali, absorvendo a verdade e a compreensão, durante um prolongado período
de tempo. Os seus companheiros, que não tinham entrado naquela sala, foram pacientes.
Finalmente, quando voltou ao corredor, verificou que tinha mudado. Olhou para os seus companheiros e
reconheceu-os. «Vocês são os guias», afirmou, com naturalidade.
«Não. Somos os teus guias», disse o mais alto dos dois. «Temos estado aqui desde o teu nascimento, somente
por uma razão: para te amar e para te ajudar a veres a outra porta da tua sala. Tiveste medo, pediste
que nos retirássemos, e nós assim fizemos. Estamos ao teu serviço em Amor e louvamos a tua encarnação de
expressão.»
Wo não reconheceu nenhuma repreensão naquelas palavras, e deu-se conta de que eles não estavam a
julgá-lo, mas a louvá-lo. E sentiu o seu Amor.
Wo olhou para as portas que havia naquele corredor e conseguiu ler o que estava escrito. Enquanto foi andando
encontrou portas dizendo «Contrato de cura», e outra que dizia «Alegria». Viu muito mais do que poderia
ter desejado, pois ao longo do corredor havia imensas portas com nomes de crianças não nascidas e,
inclusivamente, uma delas tinha escrito «Líder mundial».
Wo começou a dar-se conta de tudo o que tinha perdido. Então, como se os guias tivessem lido o seu pensamento,
disseram: «Não reproves nada ao teu espírito, pois tal atitude é imprópria e não serve à tua magnificência.
»
Sem compreender estas palavras, olhou para trás, ao longo do corredor, até ao ponto por onde tinha entrado,
e viu a inscrição na porta, aquela inscrição que, originalmente, tanto o havia assustado. Essa inscrição
correspondia a um nome – o seu próprio nome! – o seu verdadeiro nome.31
Agora, sim, compreendia tudo, totalmente.
Lembrou-se do protocolo daquele lugar, pois agora – que já não era Wo - era capaz de se recordar. Assim,
despediu-se dos seus guias e agradeceu-lhes a sua fidelidade. Permaneceu durante muito tempo contemplando-
os e amando-os. E, logo se voltou para caminhar em direcção à luz, no final do corredor.
Sim, já tinha estado aqui. Sabia o que o esperava na sua breve visita, de três dias, à Gruta da Criação,
para recolher a sua própria essência, e logo passar ao Salão de honra e da Celebração, onde era esperado por
todos aqueles que o amavam ternamente, inclusive aqueles que tinha amado e perdido, enquanto estivera na
Terra.
Sabia onde tinha estado e para onde, agora, se dirigia.
Estava de Regresso a Casa.

Pedra

De tempos a tempos, ondas de energia percorrem-me a vastidão do ser, como me relembrando que a divindade nunca dorme.
Viajo por todo o Cosmos e para além dele.
Perco-me por entre as estrelas e infindáveis constelações, alimentando o fluxo de ser eterno.
Sou manifestação e nela retorno ao útero materno.
Respiro a Luz e nela me banho incessantemente, bebendo da Fonte Divina, o elixir da Eternidade.
Sou aprendiz por escolha própria, sou a semente do poder inerte em mim.
Os contornos da forma dão-me a ferramenta do meu acordar.
Sinto as pernas mortas, no alcançar do mar da Alma.
Ouço o vibrar dos tambores, celebrando o fogo da existência, a vastidão da verdade.
Ainda tropeço, mas não desisto de voar no céu azul.
Sinto a brisa que se eleva tenaz acima da sombra das árvores.
Já não sou a pedra...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

nossa verdade - Eshiarian

União

Têm sido tempos de tomada de consciência, um acordar lânguido e abençoado por novas vibrações energéticas, que de uma maneira graciosa e subtil, começaram a acariciar a vida neste meu cantinho... A libertação é uma presença e com ela, uma leveza concreta que se aproxima de mim. É a aurora da existência e de toda a sua magnifica totalidade, o poder de ser presente e nunca ausente daquilo que é verdadeiro. Uso o corpo no jogo da vida, como um dado rolando no tabuleiro das probabilidades. Aprendo a expressar aquilo que me preenche, através de um fluxo inteligível de pura energia de amor.
Eu sou essa energia, que se introduz no mundo tridimensional, e com isso elevar o padrão energético que somos, para que possamos entender, recordar...
Sinto o chamamento para reunir os seres de luz, colocá-los em contacto, ligá-los, fortalecer a ligação... para que possamos trabalhar em conjunto, sem fronteiras, sem medos, sem vergonha...
Assim, invoco a luz, o amor, para que me ajude a servir de elo de ligação entre esses seres, trabalhadores incógnitos, que percebem a beleza de todas as desigualdades, e com ela se levantem em auxilio de uma humanidade que se criou a ela própria dessa forma, no único regresso possível ao entendimento total. Pelo elevar da vibração energética... Pelo amor...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

dar

Quando tocamos a essência e o elixir da existência começa a brotar, e já não podemos manter fechadas as comportas do nosso coração, ou entregamo-nos nas mãos da compaixão e damos asas ao verdadeiro altruísmo, ou simplesmente morremos sufocados pela incapacidade de simplesmente dar... A verdadeira vida só pode existir, se o único movimento for de dentro para fora, como um portal cujo o único sentido é o de saída... Não tem lógica que seja doutra maneira, pois o que temos para entregar a Deus, que não seja já parte dele? O que traz a dualidade de novo à eternidade? Nada, porque a primeira é já parte da segunda... O verdadeiro movimento também não vem acrescentar nada à vida, apenas vem libertá-la, dar-lhe uma segunda asa para voar, trazer o calor da primavera que derrete as neves do inverno, as primeiras chuvas de outono, que abatem o pó e alimentam as suas sementes... Uma dádiva do todo, para o todo...
E como pode esta dádiva ser percebida, no mundo dos sonhos? Não sei, apenas sei que tenho de deixar fluir... Por vezes a dor do ego faz-se presente, mas apenas a observo... Cresço com ela... Nada mais posso fazer... Apenas posso expressar a liberdade do silêncio...

Gota de água

Faltam-me as palavras, para expressar a pureza e magnitude do poder que existe em mim, pronto para ser expressado. Não são momentos soltos e abstractos, pelo que sinto a total impossibilidade em prender a essência dos mesmos, prolongando-se e tocando toda a vida, sem qualquer tipo de exclusão. Olho-me nos olhos, e vejo a existência deleitando-se nas águas do mar eterno. Quero mergulhar no seu vazio e ser devorado pela fonte que me alimenta. Não sou mais que uma gota de água, que no salpico matinal observa a sua própria vastidão. Celebro o êxtase da experiência em toda a sua magnitude, aceitando-a como uma dádiva de crescimento. No retorno ao berço materno, entrego-me com abertura e gratidão, pela oportunidade de me poder amar e vivenciar, não como uma separação, mas como a totalidade.
Esse amor é inato, e mostra-se como o florescimento espiritual da matéria, quando se abre uma brecha na dureza da mesma, e deixe transparecer a verdadeira essência da existência. Deixar esse amor inundar a nossa vida, criando uma ligação directa à fonte da vastidão. Deixar que essa água milagrosa amoleça a pedra e a transforme em barro, pronto a ser moldado pelas mãos da consciência. E que esse espaço seja cada vez maior, mais amplo, para que abrace tudo à nossa volta, e que lentamente vá mudando a consciência mundial e universal.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Consciência

"Isto aconteceu:
Havia um grande mestre, um mestre budista,Nagarjuna. Um ladrão foi ter com ele. O ladrão ficara fascinado com o mestre, pois nunca tinha visto uma pessoa tão bela, com uma graça tão infinita. Ele perguntou a Nagarjuna: Existe alguma possibilidade de eu também crescer? Mas há uma coisa que tenho que lhe dizer: sou um ladrão. E outra coisa: não posso abandonar a profissão, pelo que, por favor, não a torne uma condição. Faço qualquer coisa que disser, mas eu não consigo deixar de ser ladrão. É que já tentei muitas vezes - nunca resulta, por isso abri o jogo. Aceitei o meu destino, que vou ser um ladrão e permanecer um ladrão, pelo que não falemos disso. Que isso fique bem claro logo no principio.
Nagarjuna retorquiu: Por que tens medo? Quem é que vai falar sobre o facto de seres ladrão?
O ladrão disse: Mas sempre que eu vou ter com um monge, um padre ou um santo, eles dizem-me: Primeiro deixa de roubar.
Nagarjuna riu-se e perguntou: Então deves ter ido falar com ladrões, caso contrário, porquê? Qual é o motivo do seu interesse? Eu não estou interessado!
O ladrão ficou muito contente e disse: Então está bem. Parece-me que agora posso tornar-me um discípulo. Você é o mestre certo.
Nagarjuna aceitou-o e informou-o: Agora podes ir e fazer aquilo que te apetecer. Tens de respeitar apenas uma condição: estar ciente! Vai, assalta casas, entra, tira coisas, rouba; faz aquilo que te apetecer, isso não me interessa, não sou ladrão - mas fá-lo com total consciência.
Só que o ladrão não se apercebeu da armadilha em que estava a cair. Assentiu: Então está tudo certo. Tentarei. Três semanas depois, ele regressou e disse: Você é matreiro, pois se eu me torno ciente não consigo roubar. Se eu roubo a consciência desaparece. Estou num dilema.
Nagarjuna respondeu: Não quero mais conversas sobre o facto de seres ladrão e roubares. Não estou interessado; não sou ladrão. Agora, tu decides! Se queres a consciência, então decide. Se não a queres, então decide também.
O homem ripostou: Mas agora é difícil. Já experimentei um pouco e é tão bela - deixarei qualquer coisa, aquilo que você disser. Ainda na outra noite, pela primeira vez consegui entrar no palácio do rei. Abri o tesouro. Poderia ter-me tornado o homem mais rico do mundo - mas você seguia-me e tinha de estar ciente. Quando me tornei ciente, de repente - fiquei sem motivação, sem desejo. Quando me tornei ciente, os diamantes pareciam pedras, pedras vulgares. Quando perdi a consciência, o tesouro estava lá. E eu esperei e fiz isto muitas vezes. Ter-me-ia tornado ciente e fiquei como um buda, sem sequer poder tocar nele, porque tudo parecia ridículo, estúpido - somente pedras, o que estou eu a fazer? Estou a perder-me por causa de pedras? Mas então, eu, perderei a consciência, elas tornar-se-ão de novo belas, a ilusão total. E finalmente, decidi que elas não valiam a pena."

OSHO, em "Consciência: a chave para viver em equilíbrio"

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Nascimento

Consideramos o nascimento o acontecimento mais nobre de toda a nossa vida. Que satisfeitos ficamos por , enquanto pais, podermos trazer a este mundo um novo ser, e podermos guiá-lo nos seus primeiros passos nesta nova realidade. Damos-lhe as boas vindas, através do êxtase que sentimos a cada novo gesto, a cada novo som, a cada novo despertar.
Que linda esta oportunidade que nos foi concedida, de sermos os anfitriões de uma nova chegada a este mundo, de podermos ajudar na adaptação e organização de mais uma vida surgida, de mais uma alma reencarnada. Nascemos frágeis e desprotegidos, pelo que necessitamos de ajuda nos primeiros anos de vida...
Ajuda... no desenvolvimento de todas as nossas potencialidades que são inatas da existência, em sermos nós próprios, sem rodeios, para podermos inundar a vida com o perfume que transborda de nós.
Não que nos tenham que ensinar nada, pois simplesmente não existe nada para ensinar, não que nos tenham que guiar, pois não existe destino nenhum, não que nos tenham que controlar através de regras e leis, pois o ser consciente, impregna todos os nossos actos com uma forma de graciosidade, de forma que tudo o que faremos estará certo ( não num contexto de certo ou errado, pois o que é certo hoje, pode estar errado amanhã).
Apenas que nos apresentem a vida, permitindo que ela faça parte de nós! Aceitando-a e experienciando-a em todas as formas que ela se apresente. Sem valores pré-concebidos, sem doutrinas, sem verdades, sem mentiras.
Permitir que a vida se molde a nós, e juntos possamos crescer em harmonia, em amor...
Sermos pais, não é possuir, não é controlar, não é agarrar...
É proteger nos primeiros anos de vida, mas é sobretudo liberdade, permitir criar asas, soltar...
Apenas assim permitiremos aos "nossos" filhos a experiência da vida em todo o seu esplendor...
Por mais que isso nos custe a perceber...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Mas o barulho é tanto...

Que barreiras são estas que me impedem de crescer, me limitam o movimento e contêm a explosão. Apenas as consigo vislumbrar, mas nunca lhes tocar, pois escapam-se entre os dedos, como as ondas do mar...
O ruído retrai-me e o movimento impede-me de parar, sempre à espera de uma oportunidade para me fazer andar.
É como se o mundo gritasse de sofrimento, sem o que o queiramos perceber, apenas nos deslumbrando com aparências e tudo o que reluz.
A minha tendência é o silêncio, o refúgio, pois apenas nesse momento sinto o bater do coração. É o silêncio eterno e toda a sua solidão, onde a luz de uma vela revela a união.
Mas como consigo juntar ambos os lados da moeda?
Como misturar o fundo pacifico do oceano, com a turbulência da superfície?
Como unir o centro e a periferia do tornado?
Percebo que um não pode existir sem o outro, que apenas fazem sentido como o todo...
Mas como custa fazer essa ligação, apesar de apenas assim podermos experienciar a existência na sua totalidade!! O ponto de equilíbrio, a sustentação... Como é tão fácil na natureza e tão difícil em nós... Ou talvez não!
Como aqui chegá-mos??
Como voltamos para trás??
Como dissipamos as nuvens que nos preenchem o céu azul??
A chave está sem dúvida na individualidade e no seu equilíbrio consciente. No conseguirmos desidêntificarmo-nos com aquilo que nos foi ensinado como a mais pura das verdades e conseguirmos olhar para trás do pano, do ecrã...
Toda a transformação começa por aí! Depois virá tudo o resto, pois não será possível a sobrevivência de um sistema montado sobre o desequilíbrio e separação do indivisível... Pura ilusão que nos rege a vida...
Pura estupidez a nossa de olharmos sempre para o lado e deixarmos que nos impinjam sistemas de crenças que apenas servem para nos controlar...
E como é forte esse vórtice, chupando a vida para o seu ventre...
Temos que estar conscientes a cada momento... Simples testemunho... Não existe outra forma...

Mas o barulho é tanto...

Tributo a Ben Harper

terça-feira, 14 de julho de 2009

Observo

Observo a ilusão, mas não a tolero. Observo a condição de participante activo na viagem pelo mundo, o momento fugaz de transformação da verdade em pura falácia. Dirijo a atenção para o testemunho atento do momento presente, mas não corro atrás dele. Fico imóvel. Observo os elementos dançando ao som da mesma música, sem pressas ou objectivos. Respiro o ar que é parte da vida, sem pretextos para vir a ser algo diferente. É apenas isso e nada mais... Um nada onde tudo está presente, sem nenhuma ausência, sem concorrência ou intransigência... Viver cada gesto como o primeiro, ausente, mas ao mesmo tempo tão presente. Consciente no observar, sem rodeios ou pretensões, atento à demência e ao seu estado de ilusão.
Sou a folha que caminha pela brisa de outono, e que segue descontraída para sitio nenhum... Sigo o caminho sem caminho do reencontro desejado, e nunca sou nada mais que a demonstração da plenitude da vida. Sigo ausente de sentido e pleno de amor... Flutuo

segunda-feira, 13 de julho de 2009

E depois?

Realmente não sei o que vem depois! Não sei o que vou fazer, como o vou fazer, nem sequer aonde o vou fazer... Simplesmente não sei... Por vezes dou por mim a criar novas expectativas acerca de algo que penso poder ser o depois... E com isso desiludo-me novamente... O não saber simplifica tanto a vida, dá-lhe um novo perfume, um novo sentido...
Mas como me custa confiar! Existem sempre mil e uma razões para não o fazer, para me colocar no controlo do barco, para ser o mestre da embarcação... Ou assim o penso... pois o controlo é algo que me escapa totalmente, independentemente de pensar exactamente o contrário.
Mas isso pode ser muito bom, pois apenas me tenho que deixar de identificar com a fonte controladora. A vida segue no caminho oposto do controlo... Quanto mais penso que a possuo, mais ela me foge. A vida apenas pode existir quando confio, quando não existe controlo! Aí ela desabrocha como uma linda flor, e Deus torna-se realidade... Mas apenas aí! Apenas aí se mostra o amor, na forma de consciência e extâse... Nunca antes!

Liberto-me...

Liberto-me do pó... Liberto-me dos bloqueios que me preenchem a vida... Liberto-me da atitude comodista de não avançar mais um passo... Liberto-me do véu que subtilmente me mantém aconchegado na ilusão... Liberto-me das recordações do passado... Liberto-me do medo do futuro, da morte... Liberto-me da identificação... Liberto-me da estupidez... Liberto-me da cegueira...Liberto-me do elo de ligações irracionais... Liberto-me das expectativas... Liberto-me dos sonhos... Liberto-me do desconfiar... Liberto-me do agarrar... Liberto-me mim... Liberto-me para ti... Liberto-me...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Desentendimento do AMOR

Maior parte das vezes que utilizamos a palavra Amor, fazemo-lo de forma inapropriada e totalmente descabida. Antes de tudo mais, todo o significado que queiramos incluir dentro dela, jamais representará a verdadeira essência do AMOR. Ao fazê-lo, estamos a criar amarras, fronteiras, formas, que limitam de maneira brutal, a natureza total do AMOR... Como consequência, se o podermos expressar por palavras, então é porque não o é!
Agora amo depois já não, amo-te a ti mas não aquele, amo-te assim e depois assado...
Dualidades... aquilo que nós conhecemos por Amor, mas que não o é...
O AMOR é a essência do Ser, e portanto não pode ser definido, apenas experiênciando em toda a sua abrangência, através de um libertar constante desse fluido, que inunda TUDO à nossa volta... Nesse estado, deixamos de existir enquanto Seres, para nos tornarmos em consciência pura.

Dualidade

A forma como somos educados desde o berço, por todas as pessoas e entidades que constituem a sociedade, empurra-nos para uma situação ilusória, onde a percepção da realidade é feita através da conjugação de uma infinidade de pontos, que quando agrupados, transmitem um mundo de dualidades. Assim, a forma como definimos tudo à nossa volta através de opiniões, pontos de vista, observações, análises, deduções, apenas espelham o conjunto de experiências dualisticas que nos caracterizam desde que nascemos. Até a forma como nos expressamos, através de palavras, sejam elas escritas ou faladas, representa uma abordagem demasiado linear, para que possam açambarcar a verdadeira natureza da realidade. O verdadeiro significado de uma palavra, apenas poderá ser explicada pela palavra oposta, o que por si só define a inconsistência das mesmas para mostrarem a verdadeira existência. Apenas poderão transmitir uma abordagem (de uma infinidade delas) dos diversos aspectos da vida. O facto da realidade ser reduzida a interpretações simbólicas da mesma, origina que nada possa existir se não puder ser apresentada de forma a poder ser interpretada por nós. Criam-se constantemente barreiras que delimitam algo, e para além das quais esse algo não existe. Barreiras que delimitam pontos, e sem as quais não conseguimos percepcionar nada.
Uma das grandes questões é como nos desligar desse programa que nos limita de forma tão dolorosa. Toda a dor do Mundo, quer seja ela física, psicológica, espiritual, pode ser expressa por esse condicionalismo que nos afasta da fonte, e da essência de nós próprios enquanto parte do todo, do Amor...

domingo, 14 de junho de 2009

Minha querida irmã,

Antes de mais quero dar-te conta, da alegria que é, saber que vais passando no meu cantinho, de forma discreta, mas tão importante...
Em resposta à tua pergunta sobre o porquê da falta de actualização deste blog, apenas te posso dizer que apenas não tem acontecido... Apenas isso.
A vida para mim está a começar a ganhar um novo ritmo, um ritmo mais natural, mais lento, mais simples e muito mais interior. Tenho procurado focar-me mais no caminhante, pois sem este jamais existiria uma caminhada. Ao dar a oportunidade ao caminhante de ser apenas isso mesmo, estarei a criar uma caminhada muito mais bonita, relaxada, desimpedida... Quero permitir-me a mim próprio poder ser eu mesmo, sem complexos, medos e constrangimentos de qualquer espécie... Ser EU e com isso, inundar a caminhada com a essência que brotará desse reconhecimento.
Por vezes é complicado colocar por palavras, percepções que vamos retirando dessa exploração interior. Qualquer palavra jamais irá descrever a importância pessoal de tal experiência. E mesmo que o pudéssemos fazer, que valor estas teriam, para alguém que jamais estará no mesmo caminho que eu?

Vai aparecendo... mas se quiseres conversar, sabes por onde paro...

Beijos GRANDES

domingo, 10 de maio de 2009

"Mas que na vossa união haja espaços.
E deixai, entre vós, dançar os ventos do céus.
Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor uma prisão:
Que seja antes um mar em movimento entre as margens da vossa alma."

Em O Profeta de Kahlil Gibran

Saudade

Ouvi por aí, que a saudade era o único sentimento verdadeiro.
A minha primeira reacção foi achar essa ideia inteiramente absurda, num contexto global de análise. Mas a verdade é que primeiramente devemos pesquisar ao nível do plano onde ela existe. Porque só aí ela poderá fazer sentido! Só aí poderá ser entendida!
O contexto em que se enquadra, permite que mediante um determinado entendimento da verdade da mesma, cheguemos a um estado de contemplação, que poderemos chamar essência. E essa não cria laços ou relações, pois ela é total... ao contrário da forma, que de uma maneira quase imperceptível, cria ligações a todos os níveis: emocional, psicológico, sexual, intelectual... e espalha a ideia da dualidade, das diferenças, cabendo à maioria de nós, o papel de meros peões, no jogo dos opostos! Eu aqui, Tu aí... Nós, Vós... Certo, Errado... Bonito, Feio...
E dessa crescente separação, criam-se laços para tentar unir a irrealidade, na tentativa de retornar a casa.
É nesse berço que nasce a saudade!
A sua importância vem do facto de ela própria se auto renovar, reforçando o elo que a desencadeia, através de uma dependêcia ilusória, como se fosse parte de nós.

Mas já agora, saudade de quê?

A vida renova-se a cada segundo, evocando o nascimento a cada passo dado.
Só aqui podemos estar presentes, encarando o êxtase de consecutivas oportunidades para crescermos. E é aí que nos devemos empenhar, é aí que existem todas as hipóteses... naquele preciso momento... onde toda a nossa atenção deve estar! Onde não existe saudade...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

A casa do Ser

Tantas perguntas nos atravessam o cérebro diariamente, e consequentemente nos transportam para uma tentativa de resposta quase inconsciente, que tomará a forma da nossa experiência e do seu percurso ao longo da vida. De uma infinidade de possibilidades, e sem sequer nos darmos disso, afunilamos a consciência universal, dentro de um tubo de ensaio. E ficamos deveras impressionados com isso, pois cada vez mais, inventamos formas de reduzir o espaço disponível dentro do vidro...
Quanto suportará o tubo??
Por vezes são muito frágeis e não suportam a pressão... partem-se, desaparecem enquanto vidro, para dar lugar ao TODO.
Noutras, apenas deixamos saltar a rolha, e deixar fluir a consciência, o infinito, o vazio... dentro de nós!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A Educação Colectiva Não Funciona

"A nossa política educacional baseia-se em duas enormes falácias. A primeira é a que considera o intelecto como uma caixa habitada por ideias autónomas, cujos números podem aumentar-se pelo simples processo de abrir a tampa da caixa e introduzir-lhes novas ideias. A segunda falácia, é que, todas as mentes são semelhantes e podem lucrar como o mesmo sistema de ensino. Todos os sistemas oficiais de educação são sistemas para bombear os mesmos conhecimentos pelos mesmos métodos, para dentro de mentes radicalmente diferentes.
Sendo as mentes organismos vivos e não caixotes do lixo, irremediavelmente dissimilares e não uniformes, os sistemas oficiais de educação não são como seria de esperar, particularmente afortunados. Que as esperanças dos educadores ardorosos da época democrática cheguem alguma vez a ser cumpridas parece extremamente duvidoso. Os grandes homens não podem fazer-se por encomenda por qualquer método de ensino por mais perfeito que seja.

O máximo que podemos esperar fazer é ensinar todo o indivíduo a atingir todas as suas potencialidades e tornar-se completamente ele próprio. Mas o eu de um indivíduo será o eu de Shakespeare, o eu de outro será o eu de Flecknoe. Os sistemas de educação prevalecentes não só falham em tornar Flecknoes em Shakespeares (nenhum método de educação fará isso alguma vez); falham em fazer dos Flecknoes o melhor. A Flecknoe não é dada sequer uma oportunidade para se tornar ele próprio. Congenitamente um sub-homem, ele está condenado pela educação a passar a sua vida como um sub-sub-homem."

Aldous Huxley, em "Sobre a Democracia e Outros Estudos"

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sensibilidade

Desde que me lembro a sensibilidade tem feito parte de mim! Mas sempre a considerei como uma fraqueza pessoal, algo que não me permitia estar presente em acordo com aquilo que se pede de um ser social.
De forma mais ou menos consciente, fui escondendo esse facto dos outros e consequentemente de mim. Sentia-me vulnerável na sua presença e isso significava dôr, sofrimento, angústia e incapacidade de me sentir aceite pelos demais membros do meu meio circundante.
E eu queria ser aceite...
Portanto lutei, e ao lutar fui-me anulando! Fui-me escondendo atrás de mil e uma máscaras de uma demonstração capaz de me colocar em lugar de destaque, longe de uma insignificância isoladora e descriminatória.
Ai como eu lutei...
A cada batalha travada, mais um muro se erguia...
Porém a adrenalina ia-me fornecendo alguma satisfação, que se foi tornando cada vez mais breve e com consequências mais danosas, para mim e para os outros.
Eram vitórias demasiado efémeras e assim fui continuando a minha guerra. Cada vez mais longe...
Até que um dia, a vida mostrou-me que teria de parar, ou algo de drástico podia acontecer...
Não podia continuar esta insanidade totalmente desprovida de uma percepção verdadeira de eu próprio.
Lentamente comecei a entender que não podia continuar e comecei a tentar perceber o porquê dessas batalhas e as suas reais consequências.
Comecei por abrir uma pequena brecha, que me permitiu tocar de novo a essência escondida.
Tentei senti-la como parte de mim, e fui entrando.
Vislumbrei-a quase moribunda e decidi que a tinha de integrar em mim, em quem eu sou, na minha vida, na minha relação com o mundo à minha volta, pois só desse modo encontraria o meu caminho...
E a cada passo que dei senti-me mais confortável, mais alegre e completo... Sei que tenho de continuar a abrir-me a esta sensibilidade que me envolve com tanta força... dar-lhe voz, expressão, visibilidade...
É nessa fase que me encontro, no perceber de que forma o irei fazer...
Não se o irei fazer, pois isso está mais que entendido, mas como abrir a rotina a mim próprio, integrando a satisfação e amor na minha vida!
Estou muito grato pela oportunidade que me voltar a encontrar...

Povo Borboleta

Que lindos têm sido os dias após o Gathering... Sinto-me mais aberto a mim próprio, e na percepção da relação com o mundo à minha volta...
Tem sido fantástico integrar na minha rotina, o entender da simplicidade e a sua harmonia... No modo como trata os momentos mais despercebidos e os
integra na consciência de sermos quem somos... Por momentos, quase me sinto a pairar subtilmente sobre um fluxo de amor que me transporta de volta a casa...
Foi fantástico tê-los conhecidos a todo(a)s e obrigado por terem estado assim, livres de expectativas e desentendimentos, e que dentro da desigualdade se conseguisse saborear a unidade e o seu poder curativo...

Até breve e...

MUITO AMOR PARA TODOS!!!!

AHEI!!!!!!

domingo, 22 de março de 2009

A prisão dos pensamentos e palavras

Por vezes, de uma forma bastante incerta e até despercebida, consigo quebrar a barreira dos pensamentos que me assolam a mente quase ininterruptamente, e entrar em contacto com a percepção de uma realidade bem para além daquela que aprendemos a assumir como tal, e que nos liga a todos espiritualmente, através de diferentes graus de entendimento energético e dimensional, não distinguidos pelos sentidos puramente racionais. São brechas que se abrem na barreira que assumimos inata, mas que, e apesar de ter uma suposta importância extrema enquanto animais competitivos, nos tranca essa porta de acesso à nossa verdadeira natureza. Não quero com isto dizer que esta ilusão existe devido a um mal entendimento da mesma, mas sim que apenas a conjunção de todos os factores disponíveis, levará ao estado de entendimento evolutivo e de todas as atitudes vivêciais que o permitem existir. Apenas com uma prática meditativa continuada, começamos a controlar esse factor de dureza e a penetrar na verdadeira natureza de seres que, como o iceberg, apenas mostram uma pequena porção de uma infinidade grandiosa.
Não bastando esse bombardeio de imagens que apenas reproduzem experiências passadas, e que nada de positivo acrescentam a nós próprios (mantendo-nos desligados do agora, único momento onde tudo acontece), ainda conseguimos prolongar a acção dessas algemas através de sons a que chamamos palavras, e que não são mais do que símbolos sonoros que descrevem apenas uma vertente (de infinitas...) da vida como a visualizamos, ou seja de uma forma totalmente básica, desentendida e sem uma verdadeira abrangência. E nós como assumimos tudo o que nos é ensinado como a mais pura das verdades, habitua-mo-nos a entender tudo na base dos pensamentos e palavras, e perdemos o contacto com o todo, tornando-nos seres facilmente controlados e manipulados. Não é aí que está a nossa verdadeira essência e muito menos a nossa liberdade...

“Outro mestre estava a tomar chá com dois dos seus alunos quando, subitamente, atirou o leque para um deles, dizendo «o que é isto?» o aluno abriu-o e abanou-o. «Não é mau», foi o seu comentário. «Agora tu.», continuou, passando-o ao outro aluno, que imediatamente fechou o leque e coçou o pescoço com ele. Feito isto, abriu-o novamente, colocou um pedaço de bolo sobre ele e ofereceu-o ao mestre. Este foi considerado ainda melhor, porque, quando não existem nomes, o mundo deixa de estar «classificado dentro de limites e fronteiras».”

In “O Caminho do Zen”, de Alan Watts

quarta-feira, 18 de março de 2009

A Grande Porca!

Referência de Rafael Bordalo Pinheiro, e mais recentemente de Medina Carreira, para ilustrar a política e todas as trapalhices, aldrabices, compadrio e afins, que regem os partidos da nossa praça. A atitude daqueles que nos representam, são sinónimo de arrogância, egoísmo e desprezo por todos nós, assumindo aquilo que lhes convém como prioridade nacional e democrática. Tomam os interesses da nação, ignorando que acima disso está cada um de nós, e é portanto algo porque devemos ser respeitados.
Perpetua-se o ciclo esclavagista, pregando-se retóricas eleitoralistas que de conteúdo nada contêm, e que apenas servem para ir conduzindo o rebanho em direcção ao precipício. Adoradores de dinheiro, que monopolizam a seu belo interesse a nossa vida e fazem dela uma ferramenta para aquisição de mais poder...
É altura da sociedade civil dizer BASTA!!
Quebrar a corrente da hipocrisia, actuar, exigir mudanças no sistema político, mais participação desinteressada de gente comum que acredita no ser humano e na sua capacidade de alterar o que está mal, e chegar a soluções transitórias a caminho de um Mundo melhor... Junte-mo-nos em redor de projectos comuns, com bases sustentáveis e empreendedoras, onde cada um de nós é a peça que falta...

Exemplo: http://www.vamostentarmudar.org/

terça-feira, 10 de março de 2009

A Identificação e o Conflito

A consciência de nós mesmos enquanto seres totais, é sem dúvida um dos pontos mais importantes no entendimento de uma realidade que maior parte das vezes se apresenta incompleta e demasiado cheia de tudo e de nada. Somos seres necessitados de aprendizagem, mas a forma como o fazemos não tem nada a ver com isso, mas sim com um absorver incessante de informação disponível, criando-se uma total identificação com uma parte desta, e um afastamento da verdadeira essência. O aprender requer uma atenção máxima, para nos mantermos vazios de identificação e consequente conflito inerente a esse estado psicológico. Grande parte de nós simplesmente criou uma dependência de tal modo forte com esse estado de hipnose, que criamos um medo terrível de procurar as respostas dentro de nós, naquele estado de acção que apenas é possível pela não identificação, pela ausência de rótulos, de opiniões vazias de real interesse. O aprender apenas se consegue pelo simplesmente ser, pelo estar presente naquele momento, onde o tempo não existe, e onde nos fundimos com a envolvência, e dela retiramos o alimento para a vida desprovida de atritos.
Respiremos fundo, bem dentro de nós, criando uma ponte, um acesso ao todo, à nossa origem, onde realmente pertencemos, e onde poderemos encontrar o Amor que procuramos desesperadamente...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Amizade

O dia estava lindo (apesar da presença da chuva), e da Serra brotavam encantamentos de luz que me envolviam o corpo e me deixavam à mercê de um respirar perdido, entre montes e vales, a ribeira e o cume das árvores...
Cheguei receoso, e na incerteza do encontro esperado, tentei encontrar uma desculpa para desistir, voltar para trás...
Lutei e lá entrei... segui cauteloso, tentando manter-me protegido de mais um desajustamento pessoal.
Fui ficando, tentando entender o meu caminho, o meu sentido de posição no interior daquele grupo.
Pouco a pouco baixei as defesas, ao aperceber-me da abertura e franqueza nas reacções dos outros.
Senti-me bem, apesar da novidade, e contra toda a lógica entreguei-me... deixei-me levar... A envolvência e incondicionalidade disponibilizadas por todos (apesar de nunca me terem visto) foi arrebatadora, e não me pude conter... Verti algumas lágrimas num quebrar de barreiras, de medos, de fobias...
Que lindo que foi... Inesquecível...
Senti o Amor da pura relação humana, sem objectivos, sem expectativas, onde a Amizade nasce de livre e espontânea vontade...
Obrigado a todos que fizeram da inauguração da Zion Mountain & Meditation House, uma experiência de aprendizagem, no retorno a mim...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Ideia para Projecto de Ensino

Antes da ideia deste projecto, nasce da minha experiência vivencial uma necessidade absoluta de mudança que, e apesar de ser presente desde sempre, apenas agora desponta de maneira quase ensurdecedora, onde os apelos constantes à libertação de conceitos assume um papel preponderante. Já não consigo tentar não notar a sua presença, a sua reivindicação... Deixou de fazer sentido lutar contra uma sensibilidade protectora que, apesar de me ter feito sofrer bastante, vejo agora como aliada e não inimiga, na travessia deste deserto abstracto a que chamamos vida. Não cheguei a este ponto por indicação de outrem, ou porque li um livro escrito por um qualquer filósofo que apenas exprime um determinado ponto de vista, foi graças a mim e só a mim, à minha experiência, aos meus erros, aos meus sucessos, à minha disposição de apreender algo mais verdadeiro, de simples momentos que se nos atravessam à frente dos olhos, e que por mera acomodação não conseguimos entender como essenciais na nossa descoberta. Mas eles estão lá, sempre estiveram, despercebidos a uma mente demasiado robótica, controlada, que deixou de perceber para simplesmente seguir, em busca de uma segurança ilusória, colocada propositadamente diante dos nossos narizes, para nos fazer perder o contacto com a verdadeira realidade. Torná-mo-nos em ovelhas de um rebanho, seguindo ordens de um mestre que decide tudo nas nossas vidas, tudo... Deixá-mos de existir, já não fazemos sentido enquanto seres, somos apenas uma ilusão construída para servir os desígnios macabros de uma minoria.

Mas mesmo começando a tomar consciência disto, a relutância a qualquer mudança é tremenda e conseguimos descobrir uma quantidade enorme de desculpas absurdas e cobardes, para esconder a cabeça na terra, esperando que tudo passe sem ter de nos envolver, e podermos continuar a usufruir de uma comodidade superficial, e uma espécie de segurança que nos mantém iludidos e condicionados...

Tanto ódio, intolerância, violência, desrespeito, existentes no nosso dia-a-dia, na base da nossa sociedade que se diz democrata, livre, humana... Reflexo de um desligamento da nossa essência, de quem realmente somos, vítimas de um sistema demente que escraviza e manipula todos, quase sem excepção. Mantém-nos aqui, incrivelmente ausentes, anestesiados, enquanto assistimos ao ataque à inocência das nossas crianças, ao seu futuro garantido, à sustentabilidade das suas famílias e a toda a dor que isso acarreta. Não conseguimos perceber o facto de sermos também nós vítimas desta máquina da globalização, da ambição, da corrupção, apesar de ainda não termos sentido na pele a violência gratuita dos exércitos do Mundo? Não estaremos todos nós na mira de uma arma mortífera, que reduzirá a cinzas a débil forma de existência? Obviamente que sim, e é por isso que temos que contribuir com algo, mesmo que pouco, para uma mudança de consciência global, baseada numa procura da nossa identidade interior e consequente libertação de valores espirituais, que nos ligarão ao todo, de uma forma concreta e sólida, onde o Amor nascerá como a essência de tudo. Devemos isso a nós próprios!!Devemos isso à Lei Universal, que se vai rindo de toda a nossa dualidade e dificuldade, em estarmos simplesmente aqui...

As criança e os jovens são a nossa salvação, e perante eles teremos que ser sinceros e verdadeiros nos nossos desígnios, pois a vida não irá tolerar a nossa ausência e falta de entrega! Não podemos continuar a fugir, comprando soluções vazias de conteúdo mas carregadas de abstracção, onde a sua existência futura será uma grande negação!

É essencial educar-nos, aprendermos com a nossa realidade iludida, pois nela encontraremos a porta para a Verdade . Só no vazio, na ausência, poderemos encontrar forma de nos apercebermos desta loucura. Só aí estamos verdadeiramente atentos a nós próprios, às nossas vontades, ao nosso caminho, a quem somos... Só podemos estar totalmente presentes, quando estamos realmente ausente! Onde o libertar da sensibilidade é verdadeiramente entendido como um qualidade e uma forma simples de existência.

Temos o dever de educar os nossos filhos, os seus amigos e conhecidos, criar formas de acompanhamento do seu crescimento, quebrando a incapacidade do nosso sistema de ensino de ser um veículo de auto-aprendizagem, e a certeza de ser apenas um veículo de imposição de regras abstractas e castradoras da criatividade e grandeza dos nossos mais novos. A promoção da competição entre alunos está errada, e apenas corroí a inocência, estabilidade e a pureza interna. Uma ferramenta de controlo! Enquanto não forem disponibilizadas novas formas de educação já existentes, estaremos a alimentar a fábrica de autómatos que são as nossas escolas, contribuindo para um perpetuar da ignorância e ausência da nossa sociedade.

Proponho-me então a criar um local, um centro de aprendizagem e ensino, de investigação e disseminação de valores humanos, ambientais, sociais, de paz, de amor... Por participar num acordar do pesadelo que se prolonga à demasiado tempo... Por uma Consciência Global...

Não o poderei fazer sozinho, pelo que preciso de angariar pessoas com uma enorme vontade de participar, de trazerem os seus conhecimentos, os seus ensinamentos, as suas soluções, e acima de tudo o seu amor crescente por um futuro melhor...
Sejam bem vindos todos os seres cuja grandeza interior, lhes permite partilhar objectivos comuns, de unidade e igualdade!

O espaço já existe, apesar de ainda ter que arranjar maneira de pagar a hipoteca ao banco, caso contrário vai ser difícil mantê-lo... Acredito que se houver verdadeira vontade de fazer este projecto acontecer, uma solução há-de emergir, pois quanto mais massa critica existir, mais fácil será quebrar a insensibilidade da consciência instituída.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Solidão

Procuro a solidão!
Dou asas a uma vontade interna, despida de ilusões e confusões, de me ausentar do fluxo contínuo que me empurra para uma incompetência pessoal, de apenas acumular e aceitar, continuando vazio de entendimento.
Isolo-me, não das pessoas, mas de uma realidade construída à minha volta, cheia de falsidades e artimanhas, criadas com o único sentido de me controlar e desgastar, de modo a nunca sentir vontade própria.
Fujo da escravidão de um sistema corrupto e diabólico, que me usa como mero instrumento produtivo que alimenta o monstro da ganância e corrupção, criando condições para ser eu próprio o alimento. A envolvência é tão arrebatadora, tão silenciosa, que por pouco não me apercebo da existência deste vírus, que me rouba a essência do simplesmente existir, e me apresenta a dureza da dependência psicológica e económica.
Só no vazio, na ausência, encontro forma de me aperceber desta loucura. Só aí estou verdadeiramente atento a mim próprio, às minhas vontades, ao meu caminho, a quem sou... Só posso estar totalmente presente, quando estou realmente ausente! Onde o libertar da sensibilidade é verdadeiramente entendido como um qualidade e uma forma simples de existência.
A totalidade integra-me no seu seio e tenho total percepção da sua existência, mas é neste desapego que a entendo e procuro, é nesta paz interior que me revejo como parte integrante de um todo, de uma forma comum que tem uma grande necessidade de ser amada.
A essência da vida está dentro de cada um de nós, na nossa grandeza espiritual, na nossa ligação ao universo, na capacidade de nos aceitarmos nas nossas diferenças, e de conseguirmos entender os nossos medos, os medos dos outros, o porquê da sua presença, e usarmos isso para o nosso crescimento, para o nosso encontro...
É nesta total ausência, que encontramos o amor...
Só temos que acreditar verdadeiramente nisso, e seremos colocados numa posição onde esse entendimento se tornará óbvio...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

a escravatura do sistema monetário


http://www.moneyasdebt.net/


“Money is a new form of slavery, and distinguishable from the old simply by the fact that it is impersonal, that there is no human relation between master and slave.”
Leo (Lev)Tolstoy



“None are more enslaved than those who falsely believe they are free.”
Goethe



“Anyone who believes exponential growth can go on forever in a finite world is either a madman or an economist.”
Kenneth Boulding, economist



"I am afraid that the ordinary citizen will not like to be told that banks can and do create money...And they who control the credit of the nation direct the policy of Governments and hold in the hollow of their hands the destiny of the people"
Reginald McKenna, past Chairman of the Board, Midlands Bank of England


"The process by which banks create money is so simple the mind is repelled."
John Kenneth Galbraith, Economist

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A Sociedade Destroça o Indivíduo

"Trata-se dum conjunto, dum todo, a sociedade, e, podre, uma vez que é preciso contar com ela ao mesmo tempo que se não deve contar. Quer dizer, é como um conjunto estável, composto por elementos instáveis. Ora é impossível viver no interior, sem sofrer essa instabilidade, esse monte de mentiras. Surge então o medo de utilizar o mínimo pormenor que participe dessa instabilidade. É a revolta. Você duvida do valor das palavras, dos gestos, do que representam as palavras, das ideias, das simples associações de ideias, dos sonhos e até da realidade, das sensações mais claras, mais agudas. Você duvida mesmo da sua dúvida, da organização que toma, da forma que adopta. Não lhe fica nada, nada. Já não é nada, é um camaleão, um eco, uma sombra. Isso é obra da sociedade, compreende?"

J.-M. G. Le Clézio, in 'A Febre'

Pelo menos a sociedade como nós vivênciamos...

mais??????

Eu não acredito que o nosso governo vai injectar mais não sei quantos milhões, no sistema bancário nacional...!!!!!!!
E nós vamos continuar a aceitar, toda esta estupidez que andam a fazer????
Anda por aí alguém com vontade de uma revolução????

Carta para uma amiga

Olá,

Bom... não sei muito bem por onde começar...
Como lido melhor com a escrita, do que com as palavras faladas, vou tentar ser o mais esclarecedor possível, naquilo que te quero dizer! É muito importante que o faça, pois este tipo de desabafo precisa mesmo de sair cá para fora, caso contrário irá provocar uma grande insatisfação. Há pessoas a quem o devemos, e portanto cá vai...
Conhecemo-nos num tempo desajustado, apesar de acreditar que o modo como entendemos a vida, está muito condicionado pela nossa experiência passada,e quase nunca é a correcta maneira de o fazer... o que provoca entendimentos totalmente errados de um acontecimento.
Estamos demasiado presos dentro da caixa, e é muito difícil termos percepção de uma realidade mais abrangente e descomplicada.
Foi comcerteza no momento que deveria ter sido, e isso obriga-nos a um entendimento mais simples dessa verdade.
Apenas deveria ter percebido, que fases de transformação, precisam de ser passadas em reclusão, não numa cela de prisão,mas connosco, cá dentro... São alturas de algum caos e devemos ter percepção verdadeira do seu sentido e acima de tudo, orientação.
Ainda o são...
Tudo o resto foi fantástico, e foi um prazer muito grande poder tê-lo partilhado contigo. És sem dúvida um ser humano sofrido, mas com uma grande beleza interna, e tão emergente...
Sente-se a luz no desabrochar da flor, a vida sorri-te e dá-te as boas vindas à simplicidade dos seus dias.
Aprendi muito, talvez não exactamente naquele momento, mas no entendimento da experiência daí resultante. Cresci um pouco, apesar de ainda ter um longo caminho a percorrer.
Ainda tenho um grande trabalho interior, de conhecimento de mim próprio, de uma aceitação pelo que sou, por aquilo que tenho para dar... a mim, ao meu filho, a quem se interesse, ao mundo...
Tenho de o fazer...
Preciso quebrar as amarras que me me bloqueiam o andar, e empreender essa caminhada, que nos trás de retorno à nossa verdadeira essência.
Mas vou lá chegar...
Ainda me falta alguma coragem, para tomar decisões que apesar de serem lógicas, são tão difíceis de tomar... Vá-se lá perceber isto!!
Preciso de te chamar amiga, e de poder ter o teu concelho, quando aches que o devas fazer, e de um modo muito verdadeiro... Pois só desse modo o poderás fazer.
Para isso visita o meu blog.
Não o entendas por cada mensagem escrita, mas sim como um todo,
uma pessoa com emoções, à procura...
Talvez voltemos a ter oportunidade para conversar, pois tenho saudades de uma conversa com sentido e verdadeiro conteúdo... Já há bastante tempo que não o faço.
Continua a ser sincera contigo e verdadeira com os outros... faz aquilo que te dá prazer e tira o máximo disso, pois a vida é isso mesmo, um saborear daquelas pequenas coisas que à primeira vista, parecem ter menos importância.
Tu sabes!!
Obrigado.

Até breve.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Lua


A lua nasceu a sorrir!
Sorrateira, surge de trás de um monte, carregando um sorriso daqueles que vemos nas crianças, mesmo antes de engolir uma enorme guloseima, cheia de cores inimagináveis e de sabor a anis.
Vem tão alegre e estonteante com os seus dentes de marfim, que por pouco não me via aqui, cá em baixo, perto da nossa ribeira, que sempre partilhei com ela em noites como esta.
Olhou-me , e com seu ar bonacheirão soltou uma grande gargalhada, cheia de um brilho intenso, que por pouco me cegava... Era forte a sua luz!
Cumprimentei-a com um ar demasiado solene, o que apenas serviu para lhe arrancar mais uma sonora gargalhada, ainda mais intensa do que a primeira...
Não percebi muito bem aquele alarido todo, por isso não correspondi. Parecíamos duas pessoas, de diferentes nacionalidades, a tentar comunicar através de gestos, mas sem grande sucesso...
Não a percebia! Ou ela não me percebia a mim!!
Talvez deva tentar de novo.
E assim o fiz, mas para meu espanto o resultado foi idêntico...
Desisto!!
Sentei-me numa pedra, mesmo junto à margem, de modo que pude ver o meu reflexo na água, que deslizava suavemente morro abaixo.
Eh pá.... que grande susto apanhei.
Um menino mal encarado, olhava-me fixamente nos olhos, sem dizer uma palavra.
Fez-se silêncio!
Só após alguns momento, depois de me restabelecer, percebi que afinal era apenas eu, ou pelo menos a minha imagem, que sem motivo algum, carregava um semblante fechado.
Não sei de onde veio, ou como cá chegou, mas a verdade é que estava bem presente.
E não era um bonito espectáculo!
Pus-me a pensar...
Senti-me um pouco ridículo, até mesmo atrapalhado!
Pensei mais um pouco...
Nada...
Decidi sentir...
Senti a minha presença...
e assim sorri...
pois finalmente percebi, a reacção da minha amiga Lua...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Objectores de Consciência

"Vocês não têm inimigos. Gente que provém doutras crenças, culturas ou raças não são os vossos inimigos. Não existe razão de lutar contra eles. Aqueles que vos mandam para a guerra não o fazem pelos vossos próprios interesses mas sim pelos interesses deles próprios. pelo lucro deles, o poder deles, a vantagem deles, o luxo deles.
Porquê é que vocês lutam por eles? Vocês participam no seu lucro?
Vocês participam no poder deles?
Participam no luxo deles?
E contra quem é que vocês lutam?
Os assim chamados inimigos causaram–vos algum sofrimento?
Cassius Clay recusou lutar no Vietname. Disse que os Vietnamitas não lhe tinham feito nada de mal. Ou vocês GI´s: Os Afeganistãos, os Iraquianos, os Iranianos fizeram-vos algo de mal? Ou vocês jovens russos: Os Tchetchenos fizeram-vos algo de mal? E se sim, sabem quanto mal o vosso governo lhes fez? Ou vocês jovens israelitas: Os palestinos fizeram-vos algo de mal? Se sim, sabem o que o vosso governo fez a eles? Quem é quem causou a injustiça que deverá ser combatida por vocês? Sabem quais os poderes aos quais vocês servem quando andam com tanques através dos terrenos ocupados?
Quem no Mundo gera a injustiça para cujo suposto combate os jovens são mandados à guerra? São os vossos próprios governos, os vossos próprios legisladores, são os líderes dos vossos próprios países.Vocês servem o mundo dos bancos, das grandes multinacionais e dos militares se seguirem as suas ordens de guerra. Vocês querem realmente apo­iar o mundo deles?
Se não o quiserem, então ignorem o serviço de guerra. Ignorem-no com tanta persistência e tanto poder que já não vos irão buscar. “Imaginem que houvesse uma guerra e ninguém lá fosse.“ Ninguém no Mundo tem o direito de obrigar outro à guerra.Se eles querem recrutar-vos para o serviço de guerra dêem a volta à lança. Escrevam-lhes onde e quando eles têm de aparecer, com que meias e cuecas e camisas devem, por favor, alinhar. Deixem indubitavelmente claro que, a partir de agora, eles mesmos têm de ir à guerra se quiserem impor os seus interesses sujos. Utilizem as vossas relações, os vossos média, a vossa juventude e o vosso poder para inverter o sentido à lança. Se eles querem a guerra, eles mesmos que se metam nos tanques e nas trincheiras, eles mesmos que andem sobre campos minados e se deixem esfarrapar por armas schrapnell.
Já não haveria guerras na Terra se fossem aqueles que as causam os que tivessem que combater as batalhas e se fossem eles os que experimentassem na própria carne o que significa ser mutilado ou queimado, morrer de fome ou de frio, desmaiar de dores. Guerra é o contrário de qualquer direito humano. Quem ordena à guerra nunca tem razão. Guerra é a geração activa de sofrimentos infinitos: crianças esmagadas e queimadas, corpos esfarrapados, comunidades de aldeias destruídas, membros de famílias perdidos, amigos ou companheiros perdidos, fome, frio, dor e fuga, crueldade contra a população civil – isso é guerra!
Ninguém tem o direito de ir à guerra.
Antes das leis dos dirigentes existe um Bem legislativo mais elevado: “Não mates.” Recusar o serviço militar é o dever moral de todos os seres humanos corajosos. Façam-no em multidões e façam-no até mais ninguém ter vontade de ir à guerra. É uma honra objectar-se ao serviço militar. Mostrem esta honra até ela ser reconhecida por todos. O uniforme é o traje de tolo dos servos. As ordens e a obediência são a lógica de uma cultura que tem medo da liberdade. Quem estiver disposto a participar na guerra, mesmo se for apenas o serviço obrigatório, torna-se culpado como cúmplice. Seguir a obrigação do serviço militar não se ajusta a nenhuma ética. Enquanto formos seres humanos temos de trabalhar com todos os meios para que essa loucura termine. Não poderá existir um mundo humanitário enquanto o serviço militar for aceito como uma obrigação da sociedade.
O inimigo: são sempre os outros. Mas reflictam: Se vocês estivessem do outro lado, vocês próprios seriam os inimigos. Os personagens podem inverter-se. “Recusamo-nos a ser inimigos.” As lágrimas que uma mãe Palestina chora pelo seu filho morto são as mesmas que as lágrimas de uma mãe israelita cujo filho faleceu num atentado de bomba.O guerreiro da nova era é um guerreiro da paz.
É preciso ter a coragem de proteger a vida e de ficar brando quando coisas duras são feitas às nossas co-criaturas. Treinem os vossos corpos, fortaleçam os vossos corações, consolidem o vosso espírito, a fim de impor a força suave contra qualquer resistência. É a força suave que supera qualquer dureza. „Make love, not war.“ Esta foi uma frase profunda dos objectores de consciência norte-americanos nos tempos da guerra do Vietname. Que essa frase entre em todos os corações jovens. E que todos nós encontremos a inteligência e a força de vontade de segui-la para sempre. Em nome do amor. Em nome da protecção de todas as criaturas. Em nome do calor para tudo o que tem pele e pêlo.
Venceremos."
Dieter Duhm

Visita a Tamera


Foi no passado dia 31/01 que me desloquei ao Biótipo de Cura - Tamera, para uma visita guiada de apresentação do projecto de criação de um modelo de Paisagem Aquática para o Baixo Alentejo.

Foi uma experiência sem dúvida enriquecedora, não só pelos conceitos apresentados, mas também pelo contacto directo com uma comunidade, dedicada a desenvolver valores comunitários com base na compreensão, paz e amor.

Obrigado a todos, por dedicarem a vossa vida a uma causa tão nobre, e por terem a coragem de continuar a acreditar nela!


"A Ecologia é o tema central num modelo global para uma Aldeia de Pesquisa pela Paz, especialmente numa altura em que a destruição da paisagem e a desertificação aceleram a uma velocidade vertiginosa. Em estreita cooperação com o especialista austríaco em Permacultura, Sepp Holzer, queremos encontrar respostas para estes problemas. Por essa razão, em Tamera (uma propriedade no Baixo Alentejo com 134 ha) está a ser desenvolvida uma paisagem aquática e um modelo de Permacultura que podem oferecer as respostas às seguintes questões ecológicas e sociais:

Como é um modelo de aldeia, não-violento e ecológico compatível com a vida dos seres humanos no planeta Terra?
Como se pode solucionar a questão da água de modo a haver água suficiente para todos e ao mesmo tempo melhorar a fertilidade do solo?
Como podem os seres humanos, animais e plantas co-existir em cooperação e harmonia?
Como se pode desenvolver a nível regional um modelo de auto-suficiência alimentar?"

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O Gueto de Gaza







Porque as minhas palavras nunca conseguiriam exprimir tão revoltosa barbárie, aconselho vivamente que leiam a reportagem "O que aconteceu em Gaza", da jornalista Alexandra Lucas Coelho. E como lá diz o ditado "Quem não sente não é filho de boa gente...", no mínimo retirem 5 min. das vossas rotinas atarefadas para meditar sobre o conteúdo do mesmo!

E agora Sr. Presidente?


Barack Hussein Obama II tomou posse como o 44º Presidente dos Estados Unidos da América, sendo o primeiro negro na história deste país, a conseguir tamanho feito, quebrando uma série de preconceitos racistas, enraízados no cerne desta nação. Para além deste pequeno feito, e devido à profunda crise financeira, económica, social e ambiental que assola os EUA e o Planeta em geral, tem-se colocado uma enorme esperança na sua actuação enquanto líder nacional e mundial, nomeadamente na mudança de políticas de interesses, suportadas pelo medo e submissão, que beneficiam unicamente os lobies e a sua busca incessante e destruidora pelo lucro máximo, em prejuízo dos valores humanos, ambientais e universais.

Espera-se pela abertura de fronteiras físicas e ideológicas que a longo prazo facilitem o entendimento entre os diferentes povos, e a consequente dinamização da harmonia planetária, valor indispensável para a Paz e Fraternidade entre todos. Anseia-se pelo respeito à Mãe Terra e à sua idêntidade natural.
Apesar dos milhares de dificuldades que se atravessam no seu caminho, não podemos desistir, pois é chegado o momento de não poder esperar mais, de dizer basta à demência geral, e sermos parte de um movimento colectivo que suporte os momentos de mudança e justifique o empenho de visionários na conquista de uma nova realidade.
Que Deus nos dê coragem de abrirmos os olhos, pois a luz precisa de ser vista...

Tamera


"Quem não quer Guerra precisa de uma visão para a Paz

O Biótopo de Cura 1- Tamera, no sul de Portugal, é um espaço experimental de formação para o desenvolvimento de Aldeias de Pesquisa de Paz e Biótopos de Cura em todo o Mundo. Segundo o lema “Pensar localmente, agir globalmente“, cerca de 200 pessoas vivem, trabalham e estudam em Tamera. O objectivo de Tamera é estabelecer um modelo para uma coexistência não-violenta entre seres humanos e entre seres humanos e a Natureza. Os objectivos principais de Tamera são: a formação de jovens no estudo de Paz "Monte Cerro", o estabelecimento de uma "Aldeia Solar”, que produza os seus próprios alimentos e energia, e o trabalho de rede mundial sob o tema de GRACE (Graça)."

Para mais informação visite o site http://www.tamera.org/

Tolerância

E de guerra em guerra se vai fazendo este mundo... Parece-me demasiado complexo perceber as motivações que levam a decisões tão brutais de líderes mundiais, que ofuscados por políticas de interesses e fanatismos irracionais, condenam à morte e ao desamparo, milhares de inocentes.

Todos sabemos que pela lei da causa-efeito, a imposição pela força de um qualquer desígnio, mesmo que por mais honroso que seja, criará desiquilibrios que apenas trarão mais sofrimento, desigualdades e ódios, e inevitavelmente trará uma consequência drástica. É um entendimento lógico do saber universal que se aplica a tudo o que fazemos, o qual é um evidente indicador da demência que experiênciamos enquanto seres vivos. "Se semeias ventos, colhes tempestades", lá diziam os nossos mais sábios... É urgente relembrar os direitos adquiridos pelo ser humano e apelarmos à tolerância, como condição essencial à nossa sobrevivência...