quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Solidão

Procuro a solidão!
Dou asas a uma vontade interna, despida de ilusões e confusões, de me ausentar do fluxo contínuo que me empurra para uma incompetência pessoal, de apenas acumular e aceitar, continuando vazio de entendimento.
Isolo-me, não das pessoas, mas de uma realidade construída à minha volta, cheia de falsidades e artimanhas, criadas com o único sentido de me controlar e desgastar, de modo a nunca sentir vontade própria.
Fujo da escravidão de um sistema corrupto e diabólico, que me usa como mero instrumento produtivo que alimenta o monstro da ganância e corrupção, criando condições para ser eu próprio o alimento. A envolvência é tão arrebatadora, tão silenciosa, que por pouco não me apercebo da existência deste vírus, que me rouba a essência do simplesmente existir, e me apresenta a dureza da dependência psicológica e económica.
Só no vazio, na ausência, encontro forma de me aperceber desta loucura. Só aí estou verdadeiramente atento a mim próprio, às minhas vontades, ao meu caminho, a quem sou... Só posso estar totalmente presente, quando estou realmente ausente! Onde o libertar da sensibilidade é verdadeiramente entendido como um qualidade e uma forma simples de existência.
A totalidade integra-me no seu seio e tenho total percepção da sua existência, mas é neste desapego que a entendo e procuro, é nesta paz interior que me revejo como parte integrante de um todo, de uma forma comum que tem uma grande necessidade de ser amada.
A essência da vida está dentro de cada um de nós, na nossa grandeza espiritual, na nossa ligação ao universo, na capacidade de nos aceitarmos nas nossas diferenças, e de conseguirmos entender os nossos medos, os medos dos outros, o porquê da sua presença, e usarmos isso para o nosso crescimento, para o nosso encontro...
É nesta total ausência, que encontramos o amor...
Só temos que acreditar verdadeiramente nisso, e seremos colocados numa posição onde esse entendimento se tornará óbvio...

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